Uma
das histórias mais simples, pura e emocionante que já li.
Leticia
Wierzchowski é uma brasileira que em forma de palavra nos toca
fundo o coração.
SAL
consegue nos despertar sentimentos distintos por cada personagem
apresentado.
Uma
família.
Um
farol.
Uma
ilha.
Muitos
amores.
Várias
histórias.
Um
pouco dos ingredientes que compõem essa história.
Ivan
de Godoy era um homem simples, calado e observador. Vivia em La Duiva
com seus pais, Don Evandro e Doña Alba.
O
garoto cresceu e se tornou um bom rapaz. Trabalhador, Ivan ajudava o
pai a cuidar de cada pedacinho daquele chão.
Mas
quando apaixonou-se por Cecília, garota que ajudava sua mãe com os
afazeres da casa, seu tormento deu início.
A
velha Alba era ciumenta como o Diabo.
Queria
matar Cecília por ter seduzido seu filho, o seu menino Ivan.
Se
dependesse dela, aqueles dois nunca seriam felizes.
Mas
esse amor foi forte.
Lutou
com toda a sua pureza e força, e mesmo com todas as tragédias que
enfrentaram pelo caminho, permaneceram juntos. Até o fim.
Ivan
e Cecília passaram a tomar conta daquele paraíso sozinhos, em
determinado momento.
Aquele
farol que guardou, guardava e ainda guardaria tantas histórias, tantos amores, tantos segredos. Que orientava os marinheiros, que
iluminava a vida de Ivan, que abençoou e amaldiçoou a sua família.
Era
ali o seu lugar. Onde tirava o seu sustento. Foi naquela areia que
amou sua Cecília pela primeira vez , e a amaria pelo resto de suas
vidas.
Naquela
Ilha, em La Duiva, que criariam seus seis filhos.
Será
que maldições tem poder?
Depois
do nascimento dos filhos, Doña alba criou vida novamente, os
aterrorizando.
No
meio de toda aquela areia, sol e sal, Flora nos apresentou essa
história. A história da família Godoy.
Os
filhos de Ivan e Cecília. Lucas, Julieta, Orfeu, Flora, Eva e
Thiberius. A Alegria e ruína de uma família.
Lucas
era o mais velho. Se parecia com o pai em tudo. Ela lindo,
fisicamente, calado e amava trabalhar naquele farol.
Julieta
era um anjo com dias contados na Terra. Por conta de uma grave doença
não sai da cama, e sofria com pesadelos contínuos, onde sua avó
era a grande vilã.
Ah
Julieta, doce Ju, sempre iluminando o coração de todos com o seu
olhar cheio de amor.
Orfeu
era um Deus grego. Lindo, sedutor, poeta. Sabia do seu poder de
sedução e o usava sem nenhum pudor. Mas escondia seus segredos e
medos. Era o mais amigo de Julieta, o que mais sofreu e o que mais
amaldiçoou o seu sangue.
Flora
era tímida. Passou dias escrevendo seu livro, sua história.
Retratando La Duiva e tudo o que existia em seu coração.
Amava
todos que faziam parte da sua vida, sua família, mas sentia-se
deslocada e perdida. Encontrava-se e sentia-se completa apenas
mergulhada nas páginas de um bom livro.
Eva
era gêmea de Flora. Tão idênticas e tão diferentes em tudo, ao
mesmo tempo. Enquanto Flora lia e escrevia, Eva saia para se divertir
com os marinheiros fortes que vinham a procura de seu pai. Ahh... Com
se divertiu!
Thiberius
era o caçula. O mais centrado e ligado a sua mãe Cecília. Adorava
estudar o céu, as estrelas.
Tinha
sonhos perturbadores. Mas foi o garoto mais doce que La Duiva
conheceu.
A
vida da família Godoy era boa.
Muito
trabalho durante o dia. Enfrentando o sol, o vento.
Mas
as noites era maravilhosas. Todos juntos, sorrindo e conversando.
Porém quando finalmente Flora finalizou seu livro, apareceu quem
iria desestabilizar aquela rotina.
Flora
confidenciou ao pai que gostaria de uma opinião profissional sobre o
livro. Ivan amava aquela garota e tratou de ajudá-la no que foi
preciso.
Julius
Templeman, um professor de literatura que morava na Inglaterra,
recebeu a obra e após a leitura , apaixonou-se instantaneamente.
A
cada segundo dos seus dias, La Duiva lhe chamava. A doce autora lhe
despertava. Aquela família lhe devorava.
E
quando Julius chegou naquela casa, procurando por Flora de Godoy,
derrubou de uma só vez três pilares da vida de Cecília e Ivan.
Seus
filhos. Definhando aos seus olhos.
Sua
história escorrendo pelas mãos.
Amor.
Ódio.
Traição.
Lágrimas.
Morte.
Algumas
das coisas que Julius levou para aquela casa.
Enquanto
Flora sonhava com um amor verdadeiro. Orfeu descobria seus
verdadeiros desejos, sua verdadeira face.
O
que Julius fez com aquela família?
Quais
foram os segredos revelados?
Quais
as fugas realizadas?
Leticia
Wierzchowski escreveu páginas de lágrimas, alegrias, tragédias e
rancores de forma esplendorosa.
Casa
de Livro Recomenda!
Os
anos passaram velozes como os lampejos do farol. E então a vida
entrou aqui por todas as portas e janelas, uma tormenta de amores,
talentos, agonias, ambições e disputas. A vida fez realmente uma
jogada impressionante: com um único peão, Julius, derrubou três
das minhas peças – ou talvez quatro, porque depois Tiberius saiu
atrás de Orfeu e do professor inglês, e mais uma das minhas
crianças se perdeu neste mundo.
Titulo:
SAL
Autora:
Leticia Wierzchowski
Páginas:
240
Ano:
2013
Editora:
Intrínseca.
Boa
Leitura.
Casa de Livro.
Karina
Belo.
E
foi nesses serões vespertinos que Cecília encontrou no seu menino
um pouco de si mesma. Lucas ria como ela, e, como ela, apreciava
ficar no promontório olhando o horizonte e procurando figuras
imaginárias nas nuvens. Ele também tinha um jeito de olhar tão
parecido com o da mãe de Cecília, sua avó, que era como se olhasse
apenas uma parte do todo, concentrando-se nisso silenciosamente.
Lucas não olhava para ela; olhava os seus cabelos, a sua boca, as
suas mãos. Vasculhava-a aos poucos. E Cecília se enternecia,
tomava-o nos braços, enchendo-o de beijos.
“Para
com isso, mamãe”, ele dizia. “Eu sou um menino. Um menino
grande.” Tinha três anos, mas falava como um adulto. Lucas, o seu
pequeno menino grande. Quando pensava nele, ainda hoje, pensava
naquelas tardes azuis. Havia alguma coisa azul em Lucas, uma coisa
fresca e fugidia. Um pardal, dissera Ivan. Um pardal livre e limpo e
ordeiro, que por vezes vinha pousar no seu ombro.
Levantei
o rosto do caderno e fitei o meu irmão. Era um rapaz bonito e
esguio, talvez um pouco magro demais. Tinha um rosto anguloso e
aqueles olhos escuros e ardentes que pareciam quase imorais. Como se
ele sempre estivesse pensando em coisas perigosas, impudicas e
secretas. Aqueles olhos vivos às vezes se escondiam sob os seus
cabelos escuros cacheados, que sempre estavam fora do lugar. Bem, eu
tinha um personagem assim, romântico e arguto ao mesmo tempo. Os
mesmos cabelos bastos e crespos, lábios iguais aos dele. Como um
daqueles jovens romanos que caíam nas graças do imperador e depois
tinham suas faces cunhadas em moedas, seus rostos eternizados no
mármore.
Uma
espécie de Antínoo.
Eu
deixei de lado as agulhas e me ergui. Vinda da janela aberta, a
claridade ofuscante da rua machucou os meus olhos. Mas lá estava
ele. Com aquela camisa, o blazer pesado demais. Seu rosto era pálido,
avermelhado de calor. E não parecia perigoso, não parecia mesmo.
Mas creio que com as guerras acontece do mesmo jeito: você nunca
ouve o primeiro disparo, até que um belo dia o exército inimigo
marcha vitorioso sobre a cidade que você ama.
A
partir de hoje, retiro os pontos da agulha um a um, e esvazio o meu
coração das antigas dores. Como as árvores do quintal deixam que a
primavera cumpra os seus milagres, também eu estou brotando
novamente... Me aproximei do fim, isso é verdade, mas aceito e
brindo ao refluxo da vida, essa maré incessante, e encho os meus
pulmões de ar para vir à tona ainda uma vez. Não vou mais cobrir
os trezentos e sessenta e cinco degraus com o meu tapete; guardarei
esta interminável linha de fios e de cores unidas, quilômetros,
milhares de quilômetros de fios e de histórias que poderiam dar a
volta ao mundo, mas que nunca saíram desta ilha, guardarei-a como um
novelo imenso e precioso do meu passado eterno.
Hoje,
eu, Cecília de Godoy, sou como Teseu, que entrou no labirinto e
matou o Minotauro.
Já quero ler!! Boa noite!
ResponderExcluirLi faz um tempo, quero reler novamente!!!!
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