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29 de ago. de 2016

A GAROTA QUE EU QUERO - (Markus Zusak)

Resultado de imagem para a garota que eu quero

Sabe quando você termina aquele livro e fica com um sorriso nos lábios, uma expressão extasiada nos olhos, olhando a capa e murmurando insistentemente “minha nossa”, ou “meu Deus”?
Devo admitir que ainda me encontro neste estado.
Que história fantástica. Sensacional, comovente. É um verdadeiro retrato complexo e autêntico dos desejos e das dores comuns dos seres humanos.
Cameron Wolfe é um garoto extraordinário. Markus Zusak descreveu um personagem tão cheio de luz, sabedoria, bondade e amor. Um personagem que os leitores devem carregar dentro de si.
Cameron é um menino calado, vivendo as crises de sua pré-adolescência, passa a maior parte de seus dias na solidão.


Mora em uma casa humilde com seus pais, seu irmão Rube, e sua irmã Sarah. Muitas vezes ajuda seu pai no trabalho, ele e Rube sempre que precisa, está ao lado de seu pai nas construções.
Rube é completamente o oposto de Cameron, é lindo, cativante e comunicativo. Troca de “namoradas” uma vez por semana.
Todas são loucas para sair com ele, e ele machuca todas.
Mas Rube está sempre ao lado de seu irmão. Tem uma necessidade maluca de que Cameron o admire.
Sarah já passou dessa fase amalucada, que os irmãos estão vivendo agora. Procura sempre ficar em casa, e quando chega do trabalho sempre ajuda sua mãe nos afazeres de casa.
Cameron se dá tão bem com ela, Sarah consegue entendê-lo de uma forma única. Ela sabe que o silêncio do seu irmão é o mais puro do Eu Te Amo.
Temos também Steve, um dos irmãos, jogador de futebol e que acha o Cameron uma causa perdida.


Ele adorava andar pelas ruas da cidade, sem um destino em mente. Mas era importante e especial quando andava consigo mesmo, pensando as suas palavras, registrando-a em seu coração. Porém no final da caminhada, Cameron sempre parava em frente à casa da família Glebe, ali morava Stephanie, uma garota por quem ele se achava apaixonado.
Quantas vezes ele ficou ali na frente, por horas contemplando aquela residência. Procurando qualquer vestígio de que aquela garota também o olhava, reconhecia que ele estava ali, por ela. Mas isso nunca aconteceu.
Foi quando ele conheceu Octavia. Uma das namoradas de Rube.
Ela era linda aos olhos de Cameron, seus olhos verdes o dominavam de forma absurda. E ela não o tratava como um louco, um solitário que estava ali apenas para ser um saco de pancada.


Octavia o entendia, conhecia a pureza de seus sentimentos.
Quando o namoro de seu irmão terminou, Octavia foi procurar por Cameron, ela sabia que poderia encontrá-lo em frente aquela casa.
E ela pediu para que ele ficasse em frente a sua casa, esperando por ela.
Foi então que nasceu uma verdadeira história de amor.
Era Octavia quem ele queria, era por ela que valeria a pena esperar.
O autor conseguiu mesclar a história de amor de Cameron e sua vida familiar.
Conseguiu mostrar todo o valor daquele garoto.
Octavia o ajudou em tantos momentos, a se soltar, a demonstrar seus sentimentos.
Mas todos sabiam quem era Cameron, ele não precisava falar nada, pois ele estava ali. E sempre estaria, sempre os ajudaria quando fosse preciso, os carregaria, os amaria de forma incondicional.
Cameron provou que mesmo sendo um perdedor, aos olhos de muitos, ele nunca desistiria de lutar.
As palavras que sempre carregava junto ao peito, era a sua história, a sua luta, a sua vida.
A Garota Que eu Quero nos mostra como julgamos as pessoas. Como somos capazes de destratar os seres humanos, pelo simples fato de serem calados, pensativos, esquisitões. Mas pode ser um desses, que vai te carregar no colo quando não conseguir parar em pé.
Uma história especial que irá tocar seu coração, te fazer repensar, e nunca mais se esquecer dela.
Casa de Livro Recomenda.


As minhas histórias são feitas de perdedores e lutadores. São feitas de fome e desejo e de tentativas de levar uma vida digna.


Titulo: A Garota Que eu Quero
Titulo Original: Getting The Girl
Autor: Markus Zusak
Páginas: 174
Ano: 2001
Editora: Intrínseca

Boa Leitura
Casa de Livro
Karina Belo


É muito comum ser tratado desse jeito por aqui, mas dessa vez doeu. Acho que doeu por ser dito por uma garota. Sei lá. De certo modo, foi meio deprimente ter chegado a esse ponto. Não se podia nem esperar um ônibus em paz.
Eu, eu sei. Eu devia ter retrucado com uma boa resposta, mas não retruquei. Não consegui. Que Wolfe, hein? Que grande cão selvagem eu virei! Tudo que fiz foi roubar uma última olhadela, para ver se eles iam atirar alguns últimos fragmentos de xingamento em mim.


- Não se preocupe meu irmão. Não preciso que você diga à Sal que não sou um fracasso. – Ainda estávamos separados pela porta de tela. – também não preciso que você diga isso a mim. Eu sei o que sou. Sei o que vejo. Talvez, um dia, eu lhe fale um pouco mais de mim, mas, por enquanto, acho que teremos que esperar para ver o que acontece. Não estou nem perto do que serei, e... – Senti uma coisa em mim. Uma coisa que sempre havia sentido. Fiz uma pausa e captei o olhar de Steve. Saltei para dentro dele através da porta e o prendi. – Você já ouviu um cachorro chorar, Steve? Sabe como é, uivar tão alto que quase chega a ser insuportável? – Ele fez que sim. – Acho que uivam assim porque estão com tanta fome que chega a doer, e é isso que sinto em mim, todos os dias da minha vida. Tenho uma fome enorme de ser alguma coisa, de ser alguém. Está me ouvindo? – Ele estava. – Não vou me rebaixar nunca. Não diante de você. Nem de ninguém. – Encerrei o assunto. – Eu tenho fome, Steve. Eu tenho fome.


Fazia quase meia hora que estávamos conversando quando Octavia me perguntou.
- Existe alguma coisa que você já tenha desejado fazer com perfeição?
Concentrei-me na chuva, que começava a cair mais forte, e soube o que ia dizer. Aquilo se estendeu por dentro de mim e eu o disse em voz baixa.
- Uma coisa em que eu gostaria de ser perfeito? – Mas, naquele momento, não pude deixar de desviar os olhos. – Amar você. – completei. As palavras me subiram à boca. – Eu gostaria de amar você de forma perfeita. O único problema – continuei – é que sou apenas humano. Vou só fazer o melhor possível, está bem?


- Oi, Cam – disse ele.
- Oi, Rube.
Estava nervoso, deu para perceber.
- O que você veio fazer aqui? – indaguei.
Suas mãos brincavam com os bolsos quando ele se agachou. Nós dois contemplamos a água, e percebi que Rube estava desmoronando, só um pouquinho. Ele olhou para frente e disse:
- Eu tinha que vir lhe dizer uma coisa...
Olhou para mim então. Estávamos nos olhos um do outro...
- Rube? – chamei.
- Olhe – disse ele -, passei a vida inteira meio que esperando que você me admirasse, sabe?
A expressão de seu rosto me buscou. Assenti.
- Mas agora eu sei – prosseguiu – Agora eu sei.
Esperei, mas não me veio nada: Então perguntei:
- Sabe o quê?
Rube me encarou e sua voz estremeceu ao dizer:
- Que sou eu que admiro você...

31 de ago. de 2015

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS - Markus Zusak


Hoje iremos comentar sobre um dos livros mais incrível já escrito. Posso ser suspeita para falar sobre, já que é a obra que mais me encantou até hoje, sem dúvidas o meu livro preferido. História contada com uma leveza palpável. Personagens tão cativantes, que acabam se tornando reais. Narrada pela morte, e quando a morte conta uma história. Devemos parar e ler. Apresento agora a vocês, Liesel Meminger.
Entre 1939 e 1943, Liesel encontrou a morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria morte, de tão impressionada, decidisse nos contar a história da menina que roubava livros.
Era nazista, onde o Füjer comandava tudo e todos, Liesel se vê obrigada a fugir com sua mãe, uma possível comunista, e seu irmão para um lar adotivo. O irmão mais novo de Liesel já estava doente, com uma terrível tosse, e sem medicamentos adequados a viagem foi uma tortura. A morte foi com o intuito de levar Liesel junto de si, mas não conseguiu. A garota tinha algo em seus olhos que deixou a morte sem reação, no entanto ,  o garoto morre na metade do caminho, ele foi levado no lugar da irmã. Já no cemitério, no enterro de seu irmão mais novo, ela roubava seu primeiro livro.


Encaminhada sozinha para o lar adotivo, Liesel vai morar com um casal de alemães. Lá conhece Hans Hubermann, seu pai adotivo de olhos cristalinos e personalidade calma e bondosa, que irá se tornar o melhor amigo de Liesel. E também conhece sua mãe adotiva. Rosa Hubermann, de postura atarracada e irritadiça irá tratar Liesel de uma maneira cruel.
Rosa, para que pudesse ajudar em casa, pegava roupas do pessoal do bairro para lavar e passar em troca de um dinheiro. Liesel demorou em se acostumar com sua mãe adotiva. Sempre xingando a garota e sua clientela do bairro, mas com Hans foi tudo muito diferente. Seu pai adotivo tornou-se um amigo logo de cara.
A princípio a garota sofria durante as noites, demorando-se muito para pegar no sono, e quando finalmente conseguia era despertada com seu pai adotivo a chamando. Pois  estava gritando, berrando e chorando por conta de pesadelos.
Hans no começo conversava com a menina, perguntava o que a deixou assim. A morte de seu irmão era o maior motivo de seus pesadelos, mas ela também estava assustada com toda a situação. Ela sentia falta de sua mãe biológica, ela sentia medo por estar em um lugar desconhecido, ela temia pela vida de quem amava. Passando então o restante da madrugada consolando a garota de seus pesadelos, Hans acabou encontrando o exemplar de O Manual do Coveiro, livro que Liesel roubou no enterro de seu irmão. A Garota muito envergonhada tentou explicar ao pai o que a fez pegar tal objeto. Mas ele não ficou bravo, pelo contrário, decidiu então ensiná-la a ler. Mas o modelo de ensino na era Hitler era um fracasso. Tudo era muito criterioso, as crianças só poderiam saber e ler, o que o Füjer mandasse. 


Mas seu pai foi lendo aos poucos o livro para ela, e ensinando a garota a ler. Segredo. Um grande segredo entre pai e filha que nem a morte conseguiu revelar.
Liesel era apaixonada por Rudy Steiner, que sempre jogava futebol com ele e os garotos do bairro, a única pessoa pra quem ela contava as coisas. Viviam juntos, sempre colados, explorando os locais mais inusitados. Rudy sempre dava um jeitinho de dar em cima de Liesel, pedindo um beijo e tudo mais, porém a garota sempre dava um jeito de sair dessa.
Sempre que possível Liesel chamava seu amigo para ir com ela entregar as roupas que sua mãe Rosa havia terminado de passar. Em todas as casas do bairro, dos mais pobres até os mais ricos. Passando até pela casa do prefeito.
A casa do prefeito, local onde Liesel e Rudy ficavam fascinados e ao mesmo tempo atormentados. A esposa do prefeito sempre atendia a garota com uma expressão de dor, sempre calada.


A cidade era comandada por Hitler, e toda semana os seus soldados faziam uma fogueira para queimar tudo o que poderia de certa forma acrescentar educação para as pessoas. Podemos dizer então que era uma fogueira repleta de livros. E foi nesse momento, nessa fogueira, que a morte veio buscar Liesel pela segunda vez. Mas quando viu a menina roubando da pilha de entulhos um livro totalmente chamuscado, perdeu totalmente a coragem de levá-la.
Estúpida, totalmente tola e estúpida. É assim que a morte se sente, por não conseguir levar Liesel. Esse é seu trabalho, ela recolhe almas. Porque não consegue levar Liesel Meminger?
Porque a garota que roubava livros exerce tal poder sobre a morte?
Agora Liesel quer ir mais longe, ela sabe que na casa do prefeito tem uma biblioteca e irá entrar para ver as obras.
Combina com Rudy, e quando vai novamente entregar as roupas para a mulher do prefeito, se esconde para entrar na casa e invadir a biblioteca. Ela fica encantada com os volumes, o cheiro, o toque dos livros. Um lugar mágico para uma garota que só leu dois livros em toda a sua vida. Uma garota onde as histórias se fazem presentes em sua existencia.


Mas as coisas estão cada vez mais complicadas agora, a guerra piora a situação econômica da Alemanha, e cada vez que Liesel e Rudy saem para buscar roupas, acabam escutando em cada casa pedidos de cancelamento. Ninguém mais tem dinheiro para pagar pelos serviços de Rosa, mas quando ela escuta da boca da esposa do prefeito um NÃO, sua vida simplesmente desmorona. E os livros? O que irá fazer para novamente conseguir ler todos aqueles volumes?
Mas para sua surpresa a mulher parada a sua frente, a mesma que acabou de cancelar os serviços de sua mãe, a convida para conhecer a biblioteca. Ela sabe que Liesel esta entrando as escondidas no local, e diz à menina que pode vir a qualquer momento buscar os livros para ler. Que ninguém aproveita da biblioteca, e que ela será mais do que bem vinda, para desfrutar de tal arte.


A situação em sua casa foi ficando cada vez mais difícil. Seu pai já não tinha mais tantos serviços como pintor, e sua mãe não tinha mais roupas para lavar e passar. Na casa de seu amigo Rudy era ainda pior, pois sendo judeus de natureza, a situação era deplorável.
Mas agora tudo piora na casa do Hubermann, pois um judeu aparece em sua porta. Quase morto o rapaz diz que seu nome é Max, e que é filho de um grande amigo de Hans, amigo já falecido. O pai de Liesel lembra dele, e lembra-se  também que deve um grande favor ao mesmo, e acaba assim abrigando em sua casa um judeu. Max pode vir a ser o motivo da ruína da família, se os nazistas descobrem que estão abrigando um judeu, será a morte. Max ficará no porão com as tintas, ninguém saberá que o rapaz esta escondido ali, e ninguém pode contar nada. Para Liesel, agora seu mundo era transformado em dois, da porta para dentro onde todos ficavam apreensivos com um judeu escondido no porão, e da porta pra fora onde tinha seu melhor amigo Rudy e os garotos do futebol.


Aos poucos a garota foi se aproximando de Max, ela e o judeu começaram a dividir sonhos, pesadelos e segredos. Agora Hans não tinha que ajudar uma garota com gemidos em um pesadelo cruel, mas sim duas pessoas presas em pesadelos mortais, gritando como se tudo estivesse acabado. 


Na rua Liesel roubava com Rudy, comidas e livros.
Em casa ela escrevia nas paredes do porão sua história, a história de Max, e uma história sangrenta de guerra. A Morte.... Ela analisava, observava, e não conseguia cumprir seu objetivo.
Agora após anos passados, Max finalmente pôde seguir sua vida, deixando ensinamentos, e uma menina que foi capaz de escrever uma belíssima história, a sua história.
A morte esta lá novamente, será que agora irá conseguir levá-la?

Em seu encontro com Liesel, o ultimo encontro, a morte não consegue pensar e nem fazer o que deveria, ela só consegue pensar em como os humanos a assombra.
Obra mais que perfeita, onde Markus Zusak escreveu com uma simplicidade emocionante. A Menina que Roubava livros nos ensina coisas maravilhosas do começo ao fim. Uma história impossível de ser resenhada, ou resumida. Definitivamente LEIAM, leitura obrigatória. No final você ficará extasiado.



Titulo: A Menina Que Roubava Livros.
Titulo Original: The Book Thief
Autor: Markus Zusak
Ano: 2007
Páginas: 494
Editora: Intrinseca.

Boa Leitura
Casa de Livro 

Karina Belo 


O ser humano não tem um coração como o meu. O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo na hora certa. A consequência disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. Vejo sua feiura e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas. Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Os humanos tem o bom senso de morrer.



Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.



Anos antes, quando os dois haviam apostado corrida num campo lamacento, Rudy era um conjunto de ossos montado às pressas, com um riso irregular e hesitante. Sob o arvoredo, nessa tarde, era um doador de pão e ursinhos de pelúcia. Um tríplice campeão da Juventude Hitlerista. Era seu melhor amigo. E estava a um mês de sua morte...
Estava se despedindo dele, e nem sabia...


Não quero ter esperança de mais nada. Na o quero rezar para que Max esteja vivo e em segurança. Nem Alex Steiner, porque o mundo não os merece.


Olhou para o rosto sem vida, e então beijou a boca do seu melhor amigo, Rudy Steiner, com suavidade e verdade. Ele tinha um gosto poeirento e adocicado. Um gosto de arrependimento á sombra do arvoredo e na penumbra de coleção de ternos do anarquista. Liesel o beijou demoradamente, suavemente, e, quando se afastou, tocou-lhe a boca com os dedos.


Em completa desolação, olhei para o mundo lá em cima. Vi o céu transformar-se de prata em cinza e em cor de chuva. Até as nuvens tentavam fugir. Vez por outra, eu imaginava como seria tudo acima daquelas nuvens, sabendo, sem sombra de dúvida, que o sol era louro e a atmosfera interminável era um gigantesco olho azul.


O branco é sem dúvida uma cor e, pessoalmente, acho que você não vai querer discutir comigo.


As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa. Uma hora só pode consistir em milhares de cores diferentes. Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas. No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.



23 de nov. de 2014

A GAROTA QUE EU QUERO - Markus Zusak


Sabe quando você termina aquele livro e fica com um sorriso nos lábios, uma expressão extasiada nos olhos, olhando a capa e murmurando insistentemente “minha nossa”, ou “meu Deus”?
Devo admitir que ainda me encontro neste estado.
Que história fantástica. Sensacional, comovente. É um verdadeiro retrato complexo e autêntico dos desejos e das dores comuns dos seres humanos.
Cameron Wolfe é um garoto extraordinário. Markus Zusak descreveu um personagem tão cheio de luz, sabedoria, bondade e amor. Um personagem que os leitores devem carregar dentro de si.
Cameron é um menino calado, vivendo as crises de sua pré-adolescência, passa a maior parte de seus dias na solidão.


Mora em uma casa humilde com seus pais, seu irmão Rube, e sua irmã Sarah. Muitas vezes ajuda seu pai no trabalho, ele e Rube sempre que precisa, está ao lado de seu pai nas construções.
Rube é completamente o oposto de Cameron, é lindo, cativante e comunicativo. Troca de “namoradas” uma vez por semana.
Todas são loucas para sair com ele, e ele machuca todas.
Mas Rube está sempre ao lado de seu irmão. Tem uma necessidade maluca de que Cameron o admire.
Sarah já passou dessa fase amalucada, que os irmãos estão vivendo agora. Procura sempre ficar em casa, e quando chega do trabalho sempre ajuda sua mãe nos afazeres de casa.
Cameron se dá tão bem com ela, Sarah consegue entendê-lo de uma forma única. Ela sabe que o silêncio do seu irmão é o mais puro do Eu Te Amo.
Temos também Steve, um dos irmãos, jogador de futebol e que acha o Cameron uma causa perdida.


Ele adorava andar pelas ruas da cidade, sem um destino em mente. Mas era importante e especial quando andava consigo mesmo, pensando as suas palavras, registrando-a em seu coração. Porém no final da caminhada, Cameron sempre parava em frente à casa da família Glebe, ali morava Stephanie, uma garota por quem ele se achava apaixonado.
Quantas vezes ele ficou ali na frente, por horas contemplando aquela residência. Procurando qualquer vestígio de que aquela garota também o olhava, reconhecia que ele estava ali, por ela. Mas isso nunca aconteceu.
Foi quando ele conheceu Octavia. Uma das namoradas de Rube.
Ela era linda aos olhos de Cameron, seus olhos verdes o dominavam de forma absurda. E ela não o tratava como um louco, um solitário que estava ali apenas para ser um saco de pancada.


Octavia o entendia, conhecia a pureza de seus sentimentos.
Quando o namoro de seu irmão terminou, Octavia foi procurar por Cameron, ela sabia que poderia encontrá-lo em frente aquela casa.
E ela pediu para que ele ficasse em frente a sua casa, esperando por ela.
Foi então que nasceu uma verdadeira história de amor.
Era Octavia quem ele queria, era por ela que valeria a pena esperar.
O autor conseguiu mesclar a história de amor de Cameron e sua vida familiar.
Conseguiu mostrar todo o valor daquele garoto.
Octavia o ajudou em tantos momentos, a se soltar, a demonstrar seus sentimentos.
Mas todos sabiam quem era Cameron, ele não precisava falar nada, pois ele estava ali. E sempre estaria, sempre os ajudaria quando fosse preciso, os carregaria, os amaria de forma incondicional.
Cameron provou que mesmo sendo um perdedor, aos olhos de muitos, ele nunca desistiria de lutar.
As palavras que sempre carregava junto ao peito, era a sua história, a sua luta, a sua vida.
A Garota Que eu Quero nos mostra como julgamos as pessoas. Como somos capazes de destratar os seres humanos, pelo simples fato de serem calados, pensativos, esquisitões. Mas pode ser um desses, que vai te carregar no colo quando não conseguir parar em pé.
Uma história especial que irá tocar seu coração, te fazer repensar, e nunca mais se esquecer dela.
Casa de Livro Recomenda.

 

As minhas histórias são feitas de perdedores e lutadores. São feitas de fome e desejo e de tentativas de levar uma vida digna.


Titulo: A Garota Que eu Quero
Titulo Original: Getting The Girl
Autor: Markus Zusak
Páginas: 174
Ano: 2001
Editora: Intrínseca

Boa Leitura
Casa de Livro

Karina Belo.



É muito comum ser tratado desse jeito por aqui, mas dessa vez doeu. Acho que doeu por ser dito por uma garota. Sei lá. De certo modo, foi meio deprimente ter chegado a esse ponto. Não se podia nem esperar um ônibus em paz.
Eu, eu sei. Eu devia ter retrucado com uma boa resposta, mas não retruquei. Não consegui. Que Wolfe, hein? Que grande cão selvagem eu virei! Tudo que fiz foi roubar uma última olhadela, para ver se eles iam atirar alguns últimos fragmentos de xingamento em mim.

 

- Não se preocupe meu irmão. Não preciso que você diga à Sal que não sou um fracasso. – Ainda estávamos separados pela porta de tela. – também não preciso que você diga isso a mim. Eu sei o que sou. Sei o que vejo. Talvez, um dia, eu lhe fale um pouco mais de mim, mas, por enquanto, acho que teremos que esperar para ver o que acontece. Não estou nem perto do que serei, e... – Senti uma coisa em mim. Uma coisa que sempre havia sentido. Fiz uma pausa e captei o olhar de Steve. Saltei para dentro dele através da porta e o prendi. – Você já ouviu um cachorro chorar, Steve? Sabe como é, uivar tão alto que quase chega a ser insuportável? – Ele fez que sim. – Acho que uivam assim porque estão com tanta fome que chega a doer, e é isso que sinto em mim, todos os dias da minha vida. Tenho uma fome enorme de ser alguma coisa, de ser alguém. Está me ouvindo? – Ele estava. – Não vou me rebaixar nunca. Não diante de você. Nem de ninguém. – Encerrei o assunto. – Eu tenho fome, Steve. Eu tenho fome.


Fazia quase meia hora que estávamos conversando quando Octavia me perguntou.
- Existe alguma coisa que você já tenha desejado fazer com perfeição?
Concentrei-me na chuva, que começava a cair mais forte, e soube o que ia dizer. Aquilo se estendeu por dentro de mim e eu o disse em voz baixa.
- Uma coisa em que eu gostaria de ser perfeito? – Mas, naquele momento, não pude deixar de desviar os olhos. – Amar você. – completei. As palavras me subiram à boca. – Eu gostaria de amar você de forma perfeita. O único problema – continuei – é que sou apenas humano. Vou só fazer o melhor possível, está bem?

 

- Oi, Cam – disse ele.
- Oi, Rube.
Estava nervoso, deu para perceber.
- O que você veio fazer aqui? – indaguei.
Suas mãos brincavam com os bolsos quando ele se agachou. Nós dois contemplamos a água, e percebi que Rube estava desmoronando, só um pouquinho. Ele olhou para frente e disse:
- Eu tinha que vir lhe dizer uma coisa...
Olhou para mim então. Estávamos nos olhos um do outro...
- Rube? – chamei.
- Olhe – disse ele -, passei a vida inteira meio que esperando que você me admirasse, sabe?
A expressão de seu rosto me buscou. Assenti.
- Mas agora eu sei – prosseguiu – Agora eu sei.
Esperei, mas não me veio nada: Então perguntei:
- Sabe o quê?
Rube me encarou e sua voz estremeceu ao dizer:

- Que sou eu que admiro você...

31 de ago. de 2012

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS

Hoje iremos comentar sobre um dos livros mais incrível já escrito. Posso ser suspeita para falar sobre, já que é a obra que mais me encantou até hoje, sem dúvidas o meu livro preferido. História contada com uma leveza palpável. Personagens tão cativantes, que acabam se tornando reais. Narrada pela morte, e quando a morte conta uma história. Devemos parar e ler. Apresento agora a vocês, Liesel Meminger.
Entre 1939 e 1943, Liesel encontrou a morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria morte, de tão impressionada, decidisse nos contar a história da menina que roubava livros.
Era nazista, onde o Füjer comandava tudo e todos, Liesel se vê obrigada a fugir com sua mãe, uma possível comunista, e seu irmão para um lar adotivo. O irmão mais novo de Liesel já estava doente, com uma terrível tosse, e sem medicamentos adequados a viagem foi uma tortura. A morte foi com o intuito de levar Liesel junto de si, mas não conseguiu. A garota tinha algo em seus olhos que deixou a morte sem reação, no entanto ,  o garoto morre na metade do caminho, ele foi levado no lugar da irmã. Já no cemitério, no enterro de seu irmão mais novo, ela roubava seu primeiro livro.
Encaminhada sozinha para o lar adotivo, Liesel vai morar com um casal de alemães. Lá conhece Hans Hubermann, seu pai adotivo de olhos cristalinos e personalidade calma e bondosa, que irá se tornar o melhor amigo de Liesel. E também conhece sua mãe adotiva. Rosa Hubermann, de postura atarracada e irritadiça irá tratar Liesel de uma maneira cruel.
Rosa, para que pudesse ajudar em casa, pegava roupas do pessoal do bairro para lavar e passar em troca de um dinheiro. Liesel demorou em se acostumar com sua mãe adotiva. Sempre xingando a garota e sua clientela do bairro, mas com Hans foi tudo muito diferente. Seu pai adotivo tornou-se um amigo logo de cara.
A princípio a garota sofria durante as noites, demorando-se muito para pegar no sono, e quando finalmente conseguia era despertada com seu pai adotivo a chamando. Pois  estava gritando, berrando e chorando por conta de pesadelos.
Hans no começo conversava com a menina, perguntava o que a deixou assim. A morte de seu irmão era o maior motivo de seus pesadelos, mas ela também estava assustada com toda a situação. Ela sentia falta de sua mãe biológica, ela sentia medo por estar em um lugar desconhecido, ela temia pela vida de quem amava. Passando então o restante da madrugada consolando a garota de seus pesadelos, Hans acabou encontrando o exemplar de O Manual do Coveiro, livro que Liesel roubou no enterro de seu irmão. A Garota muito envergonhada tentou explicar ao pai o que a fez pegar tal objeto. Mas ele não ficou bravo, pelo contrário, decidiu então ensiná-la a ler. Mas o modelo de ensino na era Hitler era um fracasso. Tudo era muito criterioso, as crianças só poderiam saber e ler, o que o Füjer mandasse. 

Mas seu pai foi lendo aos poucos o livro para ela, e ensinando a garota a ler. Segredo. Um grande segredo entre pai e filha que nem a morte conseguiu revelar.
Liesel era apaixonada por Rudy Steiner, que sempre jogava futebol com ele e os garotos do bairro, a única pessoa pra quem ela contava as coisas. Viviam juntos, sempre colados, explorando os locais mais inusitados. Rudy sempre dava um jeitinho de dar em cima de Liesel, pedindo um beijo e tudo mais, porém a garota sempre dava um jeito de sair dessa.
Sempre que possível Liesel chamava seu amigo para ir com ela entregar as roupas que sua mãe Rosa havia terminado de passar. Em todas as casas do bairro, dos mais pobres até os mais ricos. Passando até pela casa do prefeito.
A casa do prefeito, local onde Liesel e Rudy ficavam fascinados e ao mesmo tempo atormentados. A esposa do prefeito sempre atendia a garota com uma expressão de dor, sempre calada.
A cidade era comandada por Hitler, e toda semana os seus soldados faziam uma fogueira para queimar tudo o que poderia de certa forma acrescentar educação para as pessoas. Podemos dizer então que era uma fogueira repleta de livros. E foi nesse momento, nessa fogueira, que a morte veio buscar Liesel pela segunda vez. Mas quando viu a menina roubando da pilha de entulhos um livro totalmente chamuscado, perdeu totalmente a coragem de levá-la.
Estúpida, totalmente tola e estúpida. É assim que a morte se sente, por não conseguir levar Liesel. Esse é seu trabalho, ela recolhe almas. Porque não consegue levar Liesel Meminger?
Porque a garota que roubava livros exerce tal poder sobre a morte?
Agora Liesel quer ir mais longe, ela sabe que na casa do prefeito tem uma biblioteca e irá entrar para ver as obras.
Combina com Rudy, e quando vai novamente entregar as roupas para a mulher do prefeito, se esconde para entrar na casa e invadir a biblioteca. Ela fica encantada com os volumes, o cheiro, o toque dos livros. Um lugar mágico para uma garota que só leu dois livros em toda a sua vida. Uma garota onde as histórias se fazem presentes em sua existencia.

Mas as coisas estão cada vez mais complicadas agora, a guerra piora a situação econômica da Alemanha, e cada vez que Liesel e Rudy saem para buscar roupas, acabam escutando em cada casa pedidos de cancelamento. Ninguém mais tem dinheiro para pagar pelos serviços de Rosa, mas quando ela escuta da boca da esposa do prefeito um NÃO, sua vida simplesmente desmorona. E os livros? O que irá fazer para novamente conseguir ler todos aqueles volumes?
Mas para sua surpresa a mulher parada a sua frente, a mesma que acabou de cancelar os serviços de sua mãe, a convida para conhecer a biblioteca. Ela sabe que Liesel esta entrando as escondidas no local, e diz à menina que pode vir a qualquer momento buscar os livros para ler. Que ninguém aproveita da biblioteca, e que ela será mais do que bem vinda, para desfrutar de tal arte.
A situação em sua casa foi ficando cada vez mais difícil. Seu pai já não tinha mais tantos serviços como pintor, e sua mãe não tinha mais roupas para lavar e passar. Na casa de seu amigo Rudy era ainda pior, pois sendo judeus de natureza, a situação era deplorável.
Mas agora tudo piora na casa do Hubermann, pois um judeu aparece em sua porta. Quase morto o rapaz diz que seu nome é Max, e que é filho de um grande amigo de Hans, amigo já falecido. O pai de Liesel lembra dele, e lembra-se  também que deve um grande favor ao mesmo, e acaba assim abrigando em sua casa um judeu. Max pode vir a ser o motivo da ruína da família, se os nazistas descobrem que estão abrigando um judeu, será a morte. Max ficará no porão com as tintas, ninguém saberá que o rapaz esta escondido ali, e ninguém pode contar nada. Para Liesel, agora seu mundo era transformado em dois, da porta para dentro onde todos ficavam apreensivos com um judeu escondido no porão, e da porta pra fora onde tinha seu melhor amigo Rudy e os garotos do futebol.
Aos poucos a garota foi se aproximando de Max, ela e o judeu começaram a dividir sonhos, pesadelos e segredos. Agora Hans não tinha que ajudar uma garota com gemidos em um pesadelo cruel, mas sim duas pessoas presas em pesadelos mortais, gritando como se tudo estivesse acabado.
Na rua Liesel roubava com Rudy, comidas e livros.
Em casa ela escrevia nas paredes do porão sua história, a história de Max, e uma história sangrenta de guerra. A Morte.... Ela analisava, observava, e não conseguia cumprir seu objetivo.
Agora após anos passados, Max finalmente pôde seguir sua vida, deixando ensinamentos, e uma menina que foi capaz de escrever uma belíssima história, a sua história.
A morte esta lá novamente, será que agora irá conseguir levá-la?
Em seu encontro com Liesel, o ultimo encontro, a morte não consegue pensar e nem fazer o que deveria, ela só consegue pensar em como os humanos a assombra.
Obra mais que perfeita, onde Markus Zusak escreveu com uma simplicidade emocionante. A Menina que Roubava livros nos ensina coisas maravilhosas do começo ao fim. Uma história impossível de ser resenhada, ou resumida. Definitivamente LEIAM, leitura obrigatória. No final você ficará extasiado.


Titulo: A menina que roubava Livros.
Titulo Original: The Book Thief
Autor: Markus Zusak
Ano: 2007
Páginas: 494
Editora: Intrinseca.

Boa Leitura

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Karina Belo


O ser humano não tem um coração como o meu. O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo na hora certa. A consequência disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. Vejo sua feiura e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas. Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Os humanos tem o bom senso de morrer.



Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.


Anos antes, quando os dois haviam apostado corrida num campo lamacento, Rudy era um conjunto de ossos montado às pressas, com um riso irregular e hesitante. Sob o arvoredo, nessa tarde, era um doador de pão e ursinhos de pelúcia. Um tríplice campeão da Juventude Hitlerista. Era seu melhor amigo. E estava a um mês de sua morte...
Estava se despedindo dele, e nem sabia...

Não quero ter esperança de mais nada. Na o quero rezar para que Max esteja vivo e em segurança. Nem Alex Steiner, porque o mundo não os merece.

Olhou para o rosto sem vida, e então beijou a boca do seu melhor amigo, Rudy Steiner, com suavidade e verdade. Ele tinha um gosto poeirento e adocicado. Um gosto de arrependimento á sombra do arvoredo e na penumbra de coleção de ternos do anarquista. Liesel o beijou demoradamente, suavemente, e, quando se afastou, tocou-lhe a boca com os dedos.


Em completa desolação, olhei para o mundo lá em cima. Vi o céu transformar-se de prata em cinza e em cor de chuva. Até as nuvens tentavam fugir. Vez por outra, eu imaginava como seria tudo acima daquelas nuvens, sabendo, sem sombra de dúvida, que o sol era louro e a atmosfera interminável era um gigantesco olho azul.

O branco é sem dúvida uma cor e, pessoalmente, acho que você não vai querer discutir comigo.


As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa. Uma hora só pode consistir em milhares de cores diferentes. Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas. No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.