Mia
Couto foi capaz de escrever um livro recheado de contos. Contos esses que nos
trazem gêneros, momentos, e histórias distintas. Mas que cada uma nos emociona
e encanta de uma maneira diferente.
A
história que iremos comentar agora, que também faz parte da obra “A Menina Sem
Palavras”, é um relato simples de amor.
Um
conto leve, escrito de uma forma tão delicada, que toca fundo a alma e o nosso coração.
“A
Menina, As Aves, e o Sangue”. A menina, uma garota simples que vivia com sua mãe.
As duas apenas, sempre com suas dificuldades, mas com a alegria de viver, mesmo
a garota em questão enfrentando um grave problema.
As
Aves, penas brancas que se espalhavam na cama da menina, todas as noites. Que velava
seu sono, que assustava sua mãe.
Seriam
realmente pássaros?
O
sangue, que pulsa em nossas veias, mas não pulsa no coração da menina. O Sangue
que deveria lhe dar vida, mas que nada lhe oferece.
A
mãe enfrenta a dor da enfermidade da filha. Tão pequena, ela só queria ter mais
forças, brincar, correr, pular, poder ajudar sua queria mãe.
Mas
seu coração fica horas, dias sem bater.
A
única pessoa que acredita em sua recuperação é a mãe.
Os
pássaros visitam sua cama todas as noites. Seus sonhos são sempre povoados de
criaturas com plumas brancas esvoaçantes.
Os
médicos acham o caso raríssimo, querem usar para pesquisas.
Mas
seria vantajoso fazer a menina sofrer ainda mais?
Estaria
ela ainda vida, ou seria apenas imaginação de sua mãe?
Seriam
pássaros ou anjos que de sonhos conforta a alma da menina, e deixa sua mãe mais
conformada?
Qual
seria o mistério por trás desse coração?
Mais
um conto incrivelmente belo, que Mia Couto nos apresentou.
Casa
de Livro Recomenda.
Titulo:
A Menina, As Aves, e o Sangue - A Menina Sem Palavra.
Autor:
Mia Couto
Páginas:
160
Ano:
2013
Editora:
Boa Companhia
Boa
Leitura
Casa
de Livro
Karina
Belo.
A mãe sortiu-se de medo, aconchegou o
lençol como se protegesse a filha de uma maldição. Ao tocar no lençol uma pena
se desprendeu e subiu levinha, volteando pelo ar. A menina suspirou e a pluma,
algodão em asa, de novo se ergueu, rodopiando por alturas do teto. A mãe tentou
apanhar a errante plumagem. Em vão, a pena saiu voando pela janela. A senhora
ficou espreitando a noite, na ilusão de escutar a voz de um pássaro. Depois,
retirou-se, adentrando-se na solidão do seu quarto.
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