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3 de out. de 2012

VIDAS SECAS - Graciliano Ramos


Bom pessoal, vestibular chegando e o Blog Casa de Livro tentando ajudar os vestibulandos com resenhas das melhores obras, para que possam fazer uma excelente prova. Então vamos comentar sobre mais um clássico que as universidades adoram colocar em prova?
Vidas Secas é um romance de Graciliano Ramos, que foi escrito em 1937. Uma obra narrada em terceira pessoa, que aborda a história de uma família de retirantes do sertão brasileiro, sendo a sua vida sub-humana condicionada diante de problemas sociais como a seca, a pobreza e a fome, criando assim uma ligação ainda muito forte com a situação social do Brasil hoje.
Por conta da consciência social que existe no livro, moldada através de uma estrutura dramática, o enredo tem sido analisado pelos críticos por meio da relação do homem com os meios naturais e sociais. De acordo com alguns especialistas, Vidas Secas, contornou alguns estilos literários de sua época, o que lhe proporcionou pontos positivos no livro.

Em Vidas Secas, somos recebidos pela seca no sertão, Fabiano e sua esposa Sinhá Vitória, os dois filhos, o papagaio e a cachorra Baleia foram forçados a se mudar. Caminharam por uma longa jornada na terrível seca. Antes que morressem de fome comeram o papagaio, seguindo a viagem o menino mais velho desmaiou, seguiram carregando o pequeno foi assim que encontraram uma fazenda abandonada onde se instalaram, e aqui onde tudo começa.
A seca acabou e Fabiano se acertou com o dono da fazenda. Era o vaqueiro daquela terra, logo houve uma ressurreição em todos e tudo. Os meninos, a cadela, Sinhá Vitória e o próprio Fabiano engordaram, pois na fazenda criaram porcos e bois.
Em um dia Fabiano foi até a cidade comprar o que faltava em casa, antes de ir embora resolveu tomar um copo de cachaça, se sentia por todos enganado, acreditando que sempre lhe cobravam mais do que era certo, assim como o patrão que sempre lhe pagava menos com a história dos juros. Foi ai que um soldado amarelo apareceu e o chamou para um jogo de cartas, como o homem era autoridade aceitou, mas logo após a primeira rodada foi embora. O soldado lhe seguiu o perturbando até que Fabiano enraivecido falou mal da mãe dele. Com isso foi parar na cadeia. A ignorância que a pobreza lhe causou não permitiu que ele se explicasse e assim ganhou uma surra e uma noite na prisão. 
Mas as coisas aos poucos irão melhorar, Sinhá Vitória acreditava que para a felicidade ser praticamente completa bastava uma cama de verdade, bem diferente aquela que possuíam feitas de varas que os incomodavam durante o sono. Os meninos apenas se divertiam no barreiro junto com a cachorra Baleia. O filho mais novo, em uma tentativa de imitar o pai, tentou montar um bode o que só lhe deu uma queda e humilhação por parte do irmão e de Baleia. E o menino mais velho buscando o significado de inferno apenas ficou chateado com a má vontade com que lhe explicaram.
O inverno chegou e a família se acalentava frente à fogueira onde travavam pequenas conversas primárias. O natal também chegou e com isto toda a família vestiu roupas novas e foram à missa. Fabiano bebeu e saiu para desafiar os homens. Acabou deitado na calçada tirando um cochilo, enquanto Sinhá Vitória fumava e os filhos brigavam pois Baleia havia desaparecido.
Depois desses tempos Baleia adoeceu. Feridas apareceram, o pelo dela caiu e a mesma emagreceu. Fabiano decidiu então matá-la, mas de uma forma rápida para que a cachorra não sofresse tanto. Sinhá Vitória se trancou com os filhos e tampou-lhes os ouvidos. Fabiano com um tiro feriu o traseiro da cachorrinha que assustada se arrastou até os juazeiros onde morreu.

Certo dia caminhando pela catinga, Fabiano se encontrou com o soldado amarelo que nunca esquecera. Precipitou-se erguendo o facão, mas parou antes de ferir o homem.
Viu como ele era um covarde, já que não se aguentava de tanto tremer. Ficaram frente a frente até que o soldado  viu que Fabiano recuara, perguntou-lhe então como fazia para sair dali, Fabiano respondeu tirando o chapéu.
As trapaças do patrão deixavam Fabiano furioso, e as contas de Sinhá Vitória sempre mostravam que eles estavam sendo enganados, mas quando foi reclamar o patrão se encheu de fúria e disse que ele podia ir embora já que não estava contente, Fabiano então perdeu o emprego, desculpou-se e foi embora. E justo agora... A seca voltava.
O bebedouro secava o rio também, vinham mais dezenas de pássaros que bebiam o pouco de água que restava aos bichos que emagreciam. Fabiano matava-os, mas não eram muitos.
A seca chegou, Fabiano sabia que era hora de partir, de fugir, mas adiava. Foi então que matou o único bezerro que lhes pertenciam e salgaram junto à carne dos pássaros, trancaram a fazenda e partiram. Sem avisar.
Fabiano se atormentava com as lembranças. O soldado amarelo, a cachorra Baleia, o cavalo que ficou para morrer já que pertencia ao patrão e ele não podia leva-lo. Mas depois começaram a conversar e as léguas passaram sem nem verem, almoçaram e as esperanças de encontrar uma terra nova onde os filhos teriam futuros diferentes e eles um presente mais digno onde não precisariam fugir da seca, os levou embora.
Vidas Secas figura entre os livros mais importantes da literatura brasileira, tendo ganhado em 1962, o prêmio da fundação William Faulkner, como livro representativo da Literatura Brasileira Contemporânea.

Vida mansa.
Vida fofa.
Vidas outras.
Vida minha.

Vidas sem vidas vividas
Vidas sem mágoa, sem cor
sem dor de outras vidas.



Titulo: Vidas Secas
Autor: Graciliano Ramos
Ano: 1937
Páginas: 197
Editora: Martin Claret

Boa Leitura 

Casa de Livro Blog

Karina Belo

Nota: 03

  


                                         
Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. O que lhe amolecia o corpo era a lembrança da mulher e dos filhos. Sem aqueles cambões pesados, não envergaria o espinhaço não, sairia dali como onça e faria uma asneira. Carregaria a espingarda e daria um tiro de pé de pau no soldado amarelo. Não. O soldado amarelo era um infeliz que nem merecia um tabefe com as costas da mão. Mataria os donos dele. Entraria num bando de cangaceiros e faria estrago nos homens que dirigiam o soldado amarelo. Não ficaria um para semente. Era a ideia que lhe fervia na cabeça. Mas havia a mulher, havia os meninos, havia a cachorrinha.
Fabiano ouviu os sonhos da mulher, deslumbrado, relaxou os músculos, e o saco da comida escorregou-lhe no ombro. Aprumou-se, deu um puxão à carga. A conversa de Sinhá Vitória servira muito: haviam caminhado léguas quase sem sentir. De repente veio à fraqueza. Devia ser fome. Fabiano ergueu a cabeça, piscou os olhos por baixo da aba negra e queimada do chapéu de couro. Meio dia, pouco mais ou menos. Baixou os olhos encandeados, procurou descobrir na planície uma sombra ou sinal de água. Estava realmente com um buraco no estômago. Endireitou o saco de novo e, para conservá-lo em equilíbrio, andou pendido, um ombro alto, outro baixo. O otimismo de Sinhá Vitória já não lhe fazia mossa. Ela ainda se agarrava a fantasias. Coitada. Armar semelhantes plana assim bambo, o peso do baú e da cabeça enterrando-lhe o pescoço no corpo.

30 de set. de 2012

Manuel Antônio de Almeida - MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS



                       
Memórias de um Sargento de Milícias é um clássico romance de Manuel Antônio de Almeida. Publicado primeiramente em folhetins no Correio Mercantil do Rio de Janeiro, entre 1852 e 1853, anonimamente. Já o livro foi publicado em 1854 e no lugar do autor era especificado apenas “um brasileiro”.
A narrativa desta incrível obra, de estilo jornalístico e direto, incorpora a linguagem dar ruas, classes média e baixa, fugindo dos padrões românticos da época, onde os romances retratavam os ambientes aristocráticos. Por ter tido uma infância pobre, Manuel Antônio de Almeida conseguiu desenvolver com perfeição sua obra.
Mas vamos comentar um pouquinho sobre o livro.
Leonardo e Maria viajavam de Lisboa para o Rio de Janeiro, em um navio, onde se apaixonaram perdidamente. Logo após eles se casaram e tiveram um filho que se chamava também Leonardo, que desde pequeno era manhoso e muito arteiro. Com o passar do tempo Maria começou a trair o marido e quando ele descobriu, deu uma surra cruel em Maria, que acabou se revoltando e fugindo com seu amante, que era um capitão de navio, e os dois foram para Lisboa. Leonardo então foi embora, onde ninguém mais teve notícias e abandonou o pequeno filho.

Leonardinho ficou então aos cuidados de seu padrinho, um barbeiro que tinha uma vida um pouco melhor e tinha condições e que gostava muito do menino. Planejou fazê-lo padre, iniciou a escrita e a leitura e depois encaminhou para a escola. Por esses tempos a madrinha de Leonardinho também apareceu e lhe visitava sempre que podia. O menino não passava um dia sem apanhar na escola, do professor. Quando passou a ir sozinho, faltava às aulas e ia para a igreja se juntar a Tomás e fazer bagunça.
Imaginando a facilidade que teria em aprontar se viesse a ser coroinha como o amigo, pediu ao padrinho para que o ajudasse a ser coroinha. O Padrinho então ficou muito feliz e aceitou o interesse pela igreja que o garoto tinha. Mas logo Leonardinho foi expulso por tanto aprontar.
Agora já rapaz Leonardinho leva uma vida de vagabundo. Ele e seu padrinho passaram a frequentar a casa de Dona Maria, essa tinha uma sobrinha, Luisinha, que deixou Leonardo completamente encantado e apaixonado.
Mas quando ele achou que a garota também estava se apaixonando por ele, apareceu um rival, José Manuel. A Madrinha de Leonardo então inventou várias mentiras, para que José Manuel pudesse perder toda a credibilidade na cidade.
Nesse mesmo período o padrinho de Leonardo morreu e ele acabou sendo obrigado a ir viver com seu pai, que vivia com uma mulher que o mesmo não amava.
Leonardo também não se dava bem com a madrasta, então em um dia após visitar Dona Maria e não ver Luisinha, se envolver de novo em uma briga com a madrasta, seu pai tomou parte dela e o ameaçou com uma espada. Leonardo então fugiu.
Depois de muito andar acabou encontrando Tomás e mais alguns amigos, entre eles Vidinha, que lhe despertou uma paixão e um forte desejo. Foi viver na casa deles, lá viviam duas senhoras irmãs, uma era mãe de três moças e outra, mãe de três rapazes. Uma das moças era namorada de Tomás e Vidinha era a paixão de dois dos rapazes. Como essa se mostrava mais interessada em Leonardo, os dois primos armaram contra ele. Mas tal armação acabou o levando preso pelo major Vidigal, um homem muito temido. Porém antes que chegasse à cadeia, o rapaz fugiu. Com o objetivo de evitar motivos para uma nova prisão, a madrinha de Leonardo lhe arrumou um emprego na casa-real, mas Leonardinho logo foi despedido por ter se aproximado da mulher de um dos homens do poder da casa.
Quando ficou sabendo de tal descaramento de Leonardinho, Vidinha foi tirar satisfações. Leonardo foi atrás dela para impedir, mas quando chegaram a porta da casa, na indecisão de entrar ou não, ele acabou sendo levado por Vidigal que o esperava por lá. Nesses tempos a mentira sua madrinha já havia sido revelada e José Manuel foi redimido e ganhou a mão de Luisinha em casamento, logo depois mostrou o mau caráter que tinha.
Vidinha e sua família não conseguiram mais encontrar Leonardo e passaram a odiá-lo. E o rapaz estava na casa de seu pai, em um batizado, mas ele mal sabia que Vidigal e seus homens já estavam o esperando.
Durante todos esses acontecimentos Luisinha ficou viúva, foi no dia do enterro de José Manuel que Leonardo apareceu, e hoje era sargento. Passou a frequentar novamente a casa de Dona Maria, seus interesses por Luisinha renasceram e os dela também. A madrinha e Dona Maria estavam mais que de acordo com o casamento deles, o que impedia era o posto do sargento, que não permitia o casamento. Pediram então novamente a ajuda de Vidigal. O homem cedeu com gosto e fez de Leonardo Sargento de Milícias, ofício que permitia o casamento.
Sendo assim casou-se então com Luisinha.
É bem interessante esse livro até porque Manuel de Almeida explora vários assuntos, e também faz referências à mitologia grega, cita várias personagens reais, como o major Vidigal. Ele apresenta também pequenas histórias no mesmo contexto, histórias paralelas à trama principal. Ele faz de tudo para prender a atenção do leitor para o próximo capítulo, criando assim um estilo próprio, um romantismo irônico e critico a sociedade da época. Mais do que recomendado pela Casa de Livro.





Titulo: Memórias de um Sargento de Milícias
Autor: Manuel Antônio de Almeida
Ano: 1854
Páginas: 192
Editora: Martin Claret


Boa Leitura
 

Casa de Livro Blog

Karina Belo

Nota: 5


Enquanto a comadre dispunha seu plano de ataque contra José Manuel, Leonardo ardia em ciúmes, em raiva, e nada havia que o consolasse em seu desespero, nem mesmo as promessas de bom resultado que lhe faziam o padrinho e a madrinha. O pobre rapaz via sempre diante de si a detestável figura de seu rival a desconcertar-lhe todos os planos, a desvanecer lhe todas as esperanças. Nas horas de sossego entregava-se às vezes à construção imaginária de magníficos castelos, castelos de nuvens, é verdade, porém que lhe pareciam por instantes os mais sólidos do mundo; de repente surdia-lhe de um canto o terrível José Manuel com as bochechas inchadas; e soprando sobre a construção, a arrasava num volver d'olhos.

Após minuciosa caracterização da festa do Divino Espírito Santo,
o narrador se entretém em focalizar a paixão nascente de Leonardo por Luisinha.


O pequeno, enquanto se achou novato em casa do padrinho, portou-se com toda a sisudez e gravidade; apenas, porém foi tomando mais familiaridade, começou a pôr as manguinhas de fora.
Apesar disto, captou do padrinho maior afeição, que se foi aumentando de dia em dia, e que em breve chegou ao extremo da amizade cega e apaixonada. Até nas próprias travessuras do menino, as mais das vezes, achava o bom do homem muita graça; não havia para ele em todo o bairro rapazinho mais bonito, e não se fartava de contar à vizinhança tudo o que ele dizia e fazia; às vezes eram verdadeiras ações de menino malcriado, que ele achava cheio de espírito e de viveza; outras veze eram ditos que denotavam já muita velhacaria para aquela idade, e que ele julgava os mais ingênuos do mundo.


Já se vê que esta vida era trabalhosa e demandava sérios cuidados; porém a comadre dispunha de uma grande soma de atividade; e, apesar de gastar muito tempo nos deveres do ofício e na igreja, sempre lhe sobrara algum para empregar em outras coisas. Como dissemos, ela havia tomado a peito a causa dos maiores de Leonardo com Luisinha, e jurar pôr José Manuel, o novo candidato, fora da chapa.



25 de set. de 2012

José de Alencar - TIL

Clássico de José de Alencar, Til é uma obra lançada em 1872 que retrata a linguagem e os costumes da vida rural na época em que foi escrito. Retratando com detalhes a vida campesina, que faz parte do regionalismo de José de Alencar.
O autor retrata os personagens de uma forma extremamente idealizada, uma das principais características do movimento artístico e intelectual do romantismo.
Til é o apelido de Berta, a personagem principal do livro. Berta é a representação da heroína romântica, devido à sua beleza, contada diversas vezes pelo autor, sua compaixão e sua empatia para com o vilão Jão Fera.
Til é uma menina que foi rejeitada quando nasceu, sendo criada então por uma viúva chamada Inhá Tudinha, a qual tinha um filho chamado Miguel.
Til era linda, pequena, esbelta, uma garota que todos adoram, e por quem a maioria dos rapazes suspiram de amor. Ela e Miguel sempre foram grandes amigos dos filhos de Dona Ermelinda e Luís Galvão. Afonso e Linda.
Afonso e Miguel são apaixonados por Berta, e Linda esta apaixonada por Miguel. Porém Berta trata a todos como irmãos. Luís Galvão também cuida de um sobrinho, órfão de pai e mãe, chamado Brás, um garoto que tem problemas mentais. Luís faz de tudo para enviá-lo para a escola, porém o menino não consegue aprender, o que leva seu professor, o Domingão a bater-lhe muito. Til fica louca, ela realmente se compadece com a situação de Brás, que se convulsiona em prazer e alegria ao ver Til. Portanto ela resolve ensiná-lo, e assim ela relaciona cada letra do alfabeto às pessoas que Brás conhece, sendo que ela representa o til.
Jão Bugre, mais conhecido como Jão Fera, é um temido matador de aluguel da província de Santa Bárbara. Ele nutre um carinho especial por Berta, e sempre observa a garota quando ela vai visitar a negra Zana, que vive em uma casa caindo aos pedaços. Zana também tem problemas mentais e tem um grande terror quando chega perto do quarto da casa, onde parece eu ela revive uma terrível lembrança. Jão Fera foi contratado por um estrando chamado Barroso, para matar o fazendeiro Luís Galvão. Quando Til descobre isso, impede Jão Fera de concluir sua atrocidade, salvando assim a vida de Luís. Mas Jão Fera sabe um grande segredo de Luís Galvão, mesmo Til tendo impedido que a morte do fazendeiro fosse concretizada, Jão Fera irá se vingar mais cedo ou mais tarde.
Jão Bugre tinha grande respeito por Luís Galvão, chegando até a livrar o mesmo de várias brigas que ele arranjava. Mas ambos se apaixonaram por Besita, a moça mais bonita de Santa Bárbara. Quando Jão descobriu que Luís estava também apaixonado pela moça, ficou louco e seu sentimento de amor para com Luís mudou.
Besita, no entanto, não correspondia ao amor de Luís Galvão, devido à sua má fama de mulherengo e aproveitador. Ela também sabia que Jão a amava, porém ele pediu para que Besita aceitasse Luís. O pai dela não aceitou o pedido de casamento de Luís Galvão, e enganou a filha, dizendo que ele não queria nenhum compromisso. Por fim Besita casou-se com Ribeiro, filho de um rico fazendeiro da região.
No dia do casamento Ribeiro disse que precisava resolver uns negócios em Itu, a respeito de uma herança que recebera. Ribeiro perseguiu o administrador de seus bens até o Paraná, a fim de receber sua herança e depois disso caiu na gandaia.
Nesse meio tempo, em uma noite, Luís Galvão enganou a negra Zana, que cuidava de Besita, e se passou por Ribeiro. Luís passou a noite com Besita, que ao amanhecer, viu o erro que cometera. Ficou grávida e deu à luz uma menina. Somente Zana e Jão Bugre sabiam desse segredo.
Jão Bugre só não matou Luís naquela hora porque Besita implorou para que ele não fizesse isso. Depois de dois anos, enquanto Jão Bugre estava fora da fazenda, Ribeiro volta para casa e fica louco de raiva ao ver sua esposa com a criança, que ele sabe não ser sua filha. Ribeiro começa a enganá-la, quando chega Jão Fera para tentar salvá-la. No seu último suspiro, Besita pede para que Jão preteja sua filha, e Zana chega ao quarto no momento em que a moça morre. Ribeiro foge para Portugal e Jão tenta cuidar da menina. Inhá Tudinha chegou a fazendo e leva a menina para criá-la. Jão fica transtornado com a morte de Besita e torna-se um matador.
Agora após quinze anos, Ribeiro volta de Portugal, mas conhecido como Barroso, e deseja terminar a sua vingança.
Indo direto para Santa Bárbara ele contrata Jão Fera para matar Luís Galvão. Nenhum dos dois se reconhece, mas Luís é salvo por intermédio de Berta. Vendo seu plano inicial fracassar, Ribeiro planeja uma vingança mais detalhada, matar Berta e Luís Galvão e tomar o lugar dele como marido de Dona Ermelinda. Para isso, conversa com dois escravos de Luís, Faustino e Monjolo, para na noite de São João, trancarem os negros na senzala e atearem fogo no canavial.
Assim que Luís saísse para apagar os incêndios, eles o jogariam ao fogo, Ribeiro apareceria para salvar a plantação e tentaria conquistar o amor de Dona Ermelinda. Jão Fera então descobriu a trama e , na mesma noite quando Luís tentava apagar o incêndio, matou Monjolo, Faustino e outro jagunço contratado por Ribeiro, salvando assim a vida de Luís Galvão.
Ele então perseguiu Ribeiro que só sobreviveu por intermédio de Berta e Miguel. Ribeiro fugiu, mas quando retornou para matar Berta, Jão já o estava esperando, salvou então a moça e matou Ribeiro sem piedade. Berta então sem saber de toda a história ficou horrorizada com tal acontecimento.
Dias depois de todos os terríveis acontecimentos, Luís Galvão e sua família vão para a festa do Congo na vila de Piracicaba, para onde Inhá Tudinha, Miguel e Berta também estavam a caminho. Afonso escapa de seus pais para ir falar com Berta, porém aparece um estranho dizendo que o pai de Afonso havia matado sua mãe. E olhando para Luís Galvão o estanho disse que o sangue mal quer o sangue bom de Luís.
O estranho era Jão Fera que havia escapado da cadeia. No caminho de volta, Luís Galvão conta acerca de seu passado à esposa, e depois Berta descobre o seu passado.
Berta não aceita como pai Luís Galvão, por conta de tudo o que ele fez no passado, e diz que o único pai que ela conheceu fora Jão Fera, que sempre zelou por sua segurança e sempre a respeitou. A única coisa que ela pede é que ele aceite que Miguel case-se com Linda, contra a vontade de Dona Ermelinda. Luís ainda tenta convencer Berta a ir com ele para serem felizes juntos, mas ela, por amor à amiga, não o faz.

Titulo: Til
Autor: José de Alencar
Ano: 1872
Páginas: 238
Editora: Martin Claret
Nota: 03


Boa Leitura

Casa de Livro Blog

Karina Belo



- Sangue de gente, ou sangue de onça, todo é um; tem a mesma cor, e a mesma maldade. Já estou acostumado com ele. Sente-se a fumaça do churrasco. Eu gosto! Disse o sicário dilatando as narinas, como se esquisito aroma lhe prurisse o olfato.


 Tu és um monstro! Disse Berta afinal com uma explosão de horror. Quando te pintavam como um assassino, autor dos maiores crimes e capaz de cometer toda a espécie de atrocidade, eu não queria crer; porque duvidava que um homem pudesse transformar-se em um tigre carniceiro; e também porque tantas vezes te vi tão sossegado e cuidados comigo, e eu não podia imaginar que se pudesse ter esse rosto bom e tranquilo, tendo-se dentro do coração uma caninana.
Nos gestos de Berta, durante esses cuidados, já não se notava a travessa alacridade que cintilava de ordinário em seus movimentos; e era, pode-se bem dizer, a radiação de seu gênio. Sua graça então era séria; havia em seu lindo semblante uma serena efusão da ternura que lhe fluía dos olhos meio vendados e dos lábios descerrados por um riso gentil.
É verdade que muitas vezes, como confessara a Miguel dissuadindo-o de tais idéias, costumava ela encontrá-lo naquelas mesmas paragens, durante as longas excursões que fazia pelos campos. Mas, recordando-se do aspecto e modo com que nessas ocasiões lhe aparecia Jão, reconheceu que nessa manhã trazia o capanga no vulto e no semblante o que quer que fosse de soturno e ameaçador.
Casa onde o escritor nasceu, em Mecejana, em Fortaleza