Bom pessoal, vestibular
chegando e o Blog Casa de Livro tentando ajudar os vestibulandos com resenhas das melhores obras,
para que possam fazer uma excelente prova. Então vamos comentar sobre mais um
clássico que as universidades adoram colocar em prova?
Vidas Secas é um romance
de Graciliano Ramos, que foi escrito em 1937. Uma obra narrada em terceira
pessoa, que aborda a história de uma família de retirantes do sertão
brasileiro, sendo a sua vida sub-humana condicionada diante de problemas
sociais como a seca, a pobreza e a fome, criando assim uma ligação ainda muito
forte com a situação social do Brasil hoje.
Por conta
da consciência social que existe no livro, moldada através de uma estrutura
dramática, o enredo tem sido analisado pelos críticos por meio da relação do
homem com os meios naturais e sociais. De acordo com alguns especialistas,
Vidas Secas, contornou alguns estilos literários de sua época, o que lhe
proporcionou pontos positivos no livro.
Em Vidas Secas, somos
recebidos pela seca no sertão, Fabiano e sua esposa Sinhá Vitória, os dois
filhos, o papagaio e a cachorra Baleia foram forçados a se mudar. Caminharam
por uma longa jornada na terrível seca. Antes que morressem de fome comeram o
papagaio, seguindo a viagem o menino mais velho desmaiou, seguiram carregando o
pequeno foi assim que encontraram uma fazenda abandonada onde se instalaram, e
aqui onde tudo começa.
A seca acabou e Fabiano se
acertou com o dono da fazenda. Era o vaqueiro daquela terra, logo houve uma
ressurreição em todos e tudo. Os meninos, a cadela, Sinhá Vitória e o próprio
Fabiano engordaram, pois na fazenda criaram porcos e bois.
Em um dia Fabiano foi até
a cidade comprar o que faltava em casa, antes de ir embora resolveu tomar um copo
de cachaça, se sentia por todos enganado, acreditando que sempre lhe cobravam
mais do que era certo, assim como o patrão que sempre lhe pagava menos com a
história dos juros. Foi ai que um soldado amarelo apareceu e o chamou para um
jogo de cartas, como o homem era autoridade aceitou, mas logo após a primeira
rodada foi embora. O soldado lhe seguiu o perturbando até que Fabiano
enraivecido falou mal da mãe dele. Com isso foi parar na cadeia. A ignorância
que a pobreza lhe causou não permitiu que ele se explicasse e assim ganhou uma
surra e uma noite na prisão.
Mas as coisas aos poucos
irão melhorar, Sinhá Vitória acreditava que para a felicidade ser praticamente
completa bastava uma cama de verdade, bem diferente aquela que possuíam feitas
de varas que os incomodavam durante o sono. Os meninos apenas se divertiam no
barreiro junto com a cachorra Baleia. O filho mais novo, em uma tentativa de
imitar o pai, tentou montar um bode o que só lhe deu uma queda e humilhação por
parte do irmão e de Baleia. E o menino mais velho buscando o significado de
inferno apenas ficou chateado com a má vontade com que lhe explicaram.
O inverno chegou e a
família se acalentava frente à fogueira onde travavam pequenas conversas
primárias. O natal também chegou e com isto toda a família vestiu roupas novas
e foram à missa. Fabiano bebeu e saiu para desafiar os homens. Acabou deitado
na calçada tirando um cochilo, enquanto Sinhá Vitória fumava e os filhos
brigavam pois Baleia havia desaparecido.
Depois
desses tempos Baleia adoeceu. Feridas apareceram, o pelo dela caiu e a mesma
emagreceu. Fabiano decidiu então matá-la, mas de uma forma rápida para que a
cachorra não sofresse tanto. Sinhá Vitória se trancou com os filhos e
tampou-lhes os ouvidos. Fabiano com um tiro feriu o traseiro da cachorrinha que
assustada se arrastou até os juazeiros onde morreu.
Certo
dia caminhando pela catinga, Fabiano se encontrou com o soldado amarelo que
nunca esquecera. Precipitou-se erguendo o facão, mas parou antes de ferir o
homem.
Viu
como ele era um covarde, já que não se aguentava de tanto tremer. Ficaram
frente a frente até que o soldado viu
que Fabiano recuara, perguntou-lhe então como fazia para sair dali, Fabiano
respondeu tirando o chapéu.
As trapaças do patrão
deixavam Fabiano furioso, e as contas de Sinhá Vitória sempre mostravam que
eles estavam sendo enganados, mas quando foi reclamar o patrão se encheu de
fúria e disse que ele podia ir embora já que não estava contente, Fabiano então
perdeu o emprego, desculpou-se e foi embora. E justo agora... A seca voltava.
O bebedouro secava o rio
também, vinham mais dezenas de pássaros que bebiam o pouco de água que restava
aos bichos que emagreciam. Fabiano matava-os, mas não eram muitos.
A seca chegou, Fabiano
sabia que era hora de partir, de fugir, mas adiava. Foi então que matou o único
bezerro que lhes pertenciam e salgaram junto à carne dos pássaros, trancaram a
fazenda e partiram. Sem avisar.
Fabiano
se atormentava com as lembranças. O soldado amarelo, a cachorra Baleia, o
cavalo que ficou para morrer já que pertencia ao patrão e ele não podia
leva-lo. Mas depois começaram a conversar e as léguas passaram sem nem verem,
almoçaram e as esperanças de encontrar uma terra nova onde os filhos teriam
futuros diferentes e eles um presente mais digno onde não precisariam fugir da
seca, os levou embora.
Vidas
Secas figura entre os livros mais importantes da literatura brasileira, tendo
ganhado em 1962, o prêmio da fundação William Faulkner, como livro
representativo da Literatura Brasileira Contemporânea.
Vida mansa.
Vida fofa.
Vidas outras.
Vida minha.
Vidas sem vidas vividas
Vidas sem mágoa, sem cor
sem dor de outras vidas.
Vida fofa.
Vidas outras.
Vida minha.
Vidas sem vidas vividas
Vidas sem mágoa, sem cor
sem dor de outras vidas.
Titulo: Vidas Secas
Autor: Graciliano Ramos
Ano: 1937
Páginas: 197
Editora: Martin Claret
Boa Leitura
Casa de Livro Blog
Agora
Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia
preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse
isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. O que lhe amolecia o corpo
era a lembrança da mulher e dos filhos. Sem aqueles cambões pesados, não
envergaria o espinhaço não, sairia dali como onça e faria uma asneira.
Carregaria a espingarda e daria um tiro de pé de pau no soldado amarelo. Não. O
soldado amarelo era um infeliz que nem merecia um tabefe com as costas da mão.
Mataria os donos dele. Entraria num bando de cangaceiros e faria estrago nos
homens que dirigiam o soldado amarelo. Não ficaria um para semente. Era a ideia
que lhe fervia na cabeça. Mas havia a mulher, havia os meninos, havia a
cachorrinha.
Fabiano
ouviu os sonhos da mulher, deslumbrado, relaxou os músculos, e o saco da comida
escorregou-lhe no ombro. Aprumou-se, deu um puxão à carga. A conversa de Sinhá
Vitória servira muito: haviam caminhado léguas quase sem sentir. De repente
veio à fraqueza. Devia ser fome. Fabiano ergueu a cabeça, piscou os olhos por
baixo da aba negra e queimada do chapéu de couro. Meio dia, pouco mais ou
menos. Baixou os olhos encandeados, procurou descobrir na planície uma sombra
ou sinal de água. Estava realmente com um buraco no estômago. Endireitou o saco
de novo e, para conservá-lo em equilíbrio, andou pendido, um ombro alto, outro
baixo. O otimismo de Sinhá Vitória já não lhe fazia mossa. Ela ainda se
agarrava a fantasias. Coitada. Armar semelhantes plana assim bambo, o peso do
baú e da cabeça enterrando-lhe o pescoço no corpo.
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