Publicado em 1866, Crime e Castigo é considerado o maior clássico dos Thrillers psicológicos, bem recebido em uma grande diversidade de idiomas e culturas, encantando o público das mais variadas orientações ideológicas, desde ateus a cristãos fanáticos, como também de políticos conservadores a radicais.
Estudante e homicida, constantemente seguido pela sombra da memória do seu crime, um romance que narra à história de Rodión Romanovitch Raskólnikov. Está presente na obra de Dostoiévski alguns elementos como o amor, julgamento, paixão, razão, crime e castigo.
São Petersburgo Final Século XIX |
Vagando pelas ruas de São Petersburgo, por muita das vezes delirando, febril e doentio, o jovem premedita um crime e o executa. Após ter colocado sua teoria em prática, com diálogos e pensamentos infindáveis, uma perturbação monstruosa abala nosso personagem. Quais os motivos que o levaram a cometer tal crime? Raskolnikov faz uma tese que também serve para justificar o feito, artigo de grande polêmica na psicologia do crime, que irá fazer você pensar e trará muito sentido a várias questões, porém irá deixar muitas outras em aberto. O Leitor recebe a tal perturbação em cada capítulo e assim como nosso assassino, também irá procurar a essência para reencontrar a paz e as razões para esse tipo de atitude.
A moral cristã tradicional não lhe satisfaz, sente o dever de superá-la, faz um julgamento de si próprio colocando-se acima dela. Além do bem e do mal, em seu quarto de pensão em uma São Petersburgo miserável do século XIX muito bem retratada por Fiodor. Raskolnikov é assolado por uma imensidão de ideias revolucionárias. Encontra em Napoleão algo que o impressionou muito e certamente foi o que o motivou. Uma teoria específica que divide a humanidade, um grupo de pessoas que não são atingidas pela lei, um privilegio de poucos, pessoas que fazem as leis para a grande massa. Muitos líderes e governantes não hesitam em praticar o mal, apoiam-se nas leis, sem incomodo ou o mínimo de remorso. Raskolnikov se imaginou um gênio desse perfil e se convenceu disso por certo tempo.
"A Vida e a Morte" 1885 - Gustav Klimt ( detalhe ) |
Sofreu muito por ter estabelecido essa teoria, e isso seguiu por todo o livro, teve a capacidade de passar por cima das leis com muita coragem, porém algumas falhas lhe trouxeram tormentas sem fim. Acabou sendo uma grande desgraça ser esse gênio, ser amplo e adequado.
Após ter sucumbido à tentação, logo pagou seu preço, seja na lei, seja em sua própria perturbação mental. Temos aqui um romance policial assim como foi atribuído pela crítica, que logo tornou-se um estudo psicológico de grande impacto.
O atraso e o desenrolar dos fatos acaba sendo um atrativo do grande e terrível drama, proveniente do estilo de Fiodor, o estado da alma em cada situação é muito marcante. É a navalha cortando a flor da pele.
Algo que ocorre até hoje, quantos hoje não são mortos e massacrados pelo governo? Movido a interesses políticos. Qual a diferença de um crime cometido a sangue frio, para um outro que é executado a longo prazo, que matam milhares de civis seja em conflito urbano e ou em guerras territoriais. A falta de reciprocidade do Governo é um crime em maior teor de gravidade, o que muda é a forma que apertamos o botão e quem o aperta. Hoje no Brasil, as pessoas acham os Bandeirantes heróis por culpa do sistema de ensino que diz isso até hoje, esses que massacraram nossos indígenas. O Impacto real na sociedade de um crime distinto é menor. Porém tratado de maneira mais alarmante. Quem tem a lei a seu favor e dita as regras. Tem marcas de sangue invisíveis em seus instrumentos da morte.
“É Verdade não procedi com as regras da estética! Decididamente não entendo por que é mais glorioso bombardear uma cidade que matar alguém a machado! A preocupação estética é o primeiro sinal de fraqueza! Nunca o senti melhor do que hoje e cada vez compreendo menos qual é o crime! Nunca me senti mais forte, mais convencido do que agora! ”
''Não há no mundo coisa mais difícil que a sinceridade e mais fácil que a lisonja. Se à sinceridade se mistura a mais mínima nota falsa, surge imediatamente a dissonância e, atrás dela, o escândalo. Ao passo que a lisonja, ainda que seja falsa até a última nota, torna-se simpática e ouve-se com satisfação: com satisfação grosseira, sim, mas com satisfação. E, por mais tosca que seja a lisonja, metade dela, pelo menos, parece sempre verdadeira. E isto em todos os graus da hierarquia social.''
“A morte cria um sentido pra nossa vida. Mais importante que isso, a morte cria um valor especial para o tempo. Se o nosso tempo nessa terra fosse indeterminado, a própria vida perderia o sentido e muito provavelmente estaríamos com a bunda de fora e com uma lança nas mãos. A morte é o agente mais poderoso da natureza, ela vem para levar o velho e abrir espaço para o novo. O nosso esforço para evitá-la e fazer de nossa curta estadia aqui algo minimamente memorável é inútil. Só existe a vida porque existe a morte.”
Titulo: Crime e Castigo
Titulo Original: Prestuplénie i nakazánie / Crime and Punishment
Autor: Fiodor Dostoiévski
Ano de lançamento: 1886
Editora : Ediouro
Boa Leitura
Casa de Livro Blog
Sidney Matias
Preciso urgentemente perder o medo de ler os escritores russos. Todas as resenhas são tão estimulantes...
ResponderExcluirBel Schreiber, pode ler sem medo, e acredito que para você também será uma experiência e tanto, a literatura russa é particularmente muito rica, vale a pena cada página
ExcluirQue obra de Dostoievski encontra-se esta passagem: “A morte cria um sentido pra nossa vida. Mais importante que isso, a morte cria um valor especial para o tempo. Se o nosso tempo nessa terra fosse indeterminado, a própria vida perderia o sentido e muito provavelmente estaríamos com a bunda de fora e com uma lança nas mãos. A morte é o agente mais poderoso da natureza, ela vem para levar o velho e abrir espaço para o novo. O nosso esforço para evitá-la e fazer de nossa curta estadia aqui algo minimamente memorável é inútil. Só existe a vida porque existe a morte.”
ResponderExcluirPoderiam me informar? obrigado