Caninos Brancos, clássico da literatura de aventura, seguindo a mesma linha do seu livro anterior O Chamado Selvagem. Buck, um cão doméstico transforma-se em um lobo selvagem nas terra gélidas do Alasca, que você também poderá apreciar aqui no blog.
Jack London nos traz uma empolgante história, mas em sentido contrário a primeira, traçada paralelamente entre animal e homem, natureza e civilização.
O leitor irá acompanhar a odisséia de um lobo, desde o nascimento, iniciando em seus primeiros passos na difícil lei da selva, em uma busca continua pela sobrevivência, passando por diversos donos até ser domesticado e a civilização o possuir por completo.
Caninos Brancos é bisneto do cão protagonista em O Chamado Selvagem, e o ponto de partida de sua jornada é exatamente aonde seu antecessor Buck terminou.
Jack London consegue invadir o íntimo dos animais, nos trazendo de uma forma simples e singular o ponto de vista do lobo.
Desde seus vários donos, estes vistos como Deuses na concepção do animal, Deuses esses destinados apenas a servidão, até o encontro definitivo com seu único Deus, dosado de um amor incondicional vindo de uma criatura selvagem, destinado a um homem.
Para todos que gostam de animais, é uma leitura obrigatória.
Caninos Brancos fica dividido entre dois mundos, este primeiro dosado da liberdade nas florestas, já do outro lado um mundo que o levaria a domesticação com atos violentos totalmente submisso ao “Deus” homem.
Logo no inicio do livro, Jackon London nos presenteia com um belo suspense em um dos lugares mais inóspitos do Alasca com temperaturas abaixo de -50º. Uma expedição, com a missão de levar uma carga, composta também por um cadáver, utilizando trenos puxados por uma matilha de cães, rumo ao forte MacGurry. Encurralados por uma alcatéia de lobos famintos, dispostos a tudo por um misero pedaço de carne, durantes as investidas das criaturas selvagens, muitas vidas são ceifadas, e os poucos indivíduos que restaram passam momentos de perturbação e agonia, um terror constante na luta pela sobrevivência. Certamente o apelo pela fome irá ditar as regras.
Os detalhes da aventura é um dos atrativos do livro, a forma como pensam e agem os animais, muito bem relatada pelo autor que nos fascina de uma maneira cativante. Uma viagem sem rodeios, rumo as florestas e acampamentos indígenas.
É sempre muito interessante em sua narrativa, a forma que Jack London enxerga todo o desenvolvimento dos personagens, seja esse indivíduo animal ou homem, moldado pelo meio em que vive e suas atitudes.
Baseado no processo de adaptação, tanto psicológica quanto física, a qual Caninos brancos é submetido em cada etapa de sua vida, facilmente o leitor irá notar que esse desenvolvimento é muito parecido com o de um ser humano.
Uma aventura comovente e emocionante, em que o lobo inicialmente como a natureza o concebeu, uma fera hostil, segue até alcançar o significado do amor e do respeito em seu último lar na civilização junto de sua família.
Uma obra dinâmica, contada com muita inteligência, obrigatória aos amantes de uma boa aventura.
Após a leitura de Caninos Brancos, pergunte a si mesmo, se é válido afirmarmos que as situações extremas nos colocam como amantes e defensores de nossa própria vida? Você diria que a ”lei da selva” é cruel?
A floresta escura de abetos erguia-se carrancuda de ambos os lados do rio congelado. As árvores tinham sido despidas de sua cobertura branca de gelo por um vento recente e pareciam inclinar-se umas para as outras, negras e agourentas, na luz evanescente. Um vasto silêncio reinava sobre a terra. A própria terra era uma desolação, sem vida, sem movimento, tão solitária e fria que seu espírito não era nem mesmo o da tristeza. Havia um laivo de riso nela, mas de um riso mais terrível que qualquer tristeza - um riso que era tão sombrio quanto o sorriso da Esfinge, um riso tão frio quanto o gelo e compartilhando a severidade da infalibilidade. Era a imperiosa e incomunicável sabedoria da eternidade rindo da futilidade da vida e do esforço de viver: Era a Natureza, a selvagem, a de coração gélido, a Natureza das Terras do Norte.
Titulo: Caninos Brancos
Titulo original: White Fang
Autor: Jack London
Ano de lançamento: 1906
Editora: Martin Claret
Páginas: 200
Boa leitura
Casa de Livro Blog
Sidney Matias
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