Mais um clássico da
literatura brasileira aqui no blog Casa de Livro, hoje iremos comentar um pouco
sobre O Cortiço. Obra de Aluísio de Azevedo, que tem como pontos principais o capitalismo
selvagem e a ambição extrema.
Nosso personagem principal
hoje é João, um homem qualquer, trabalhador e muito economizador, porém sente
cada vez mais sede de riqueza e não medira esforços para conseguir o que tanto
almeja. Sempre arranjando brigas ele arranja uma confusão com Miranda, seu
vizinho, ao disputar palmos de Terra, e chega até a roubar para conseguir o que
tanto deseja. Um cortiço com casinhas e tinas para lavadeiras. Prosperou em seu
projeto e veio morar na casa de Miranda junto com Henrique, um estudante de
medicina, que veio para a cidade morar no cortiço para que pudesse terminar os
estudos. Na casa, além de escravos e sua família morava um senhor parasita,
Botelho.
O cotidiano da vida no
cortiço ia de acordo com a rotina e a realidade de seus moradores atuais, onde
lavadeiras eram os tipos mais comuns. Jerônimo, um português da região, foi
conversar com João oferecendo-lhe seus serviços, Jerônimo queria trabalhar na
pedreira. João muito ambicioso não queria contratar o português, porém após
muito conversarem o mesmo acabou cedendo, mas com uma condição, Jerônimo teria
que morar no cortiço e comprar em sua venda.
A mudança de Jerônimo e
sua esposa, Piedade, sucedeu-se sob comentários e cochichos das lavadeiras, e
muito tempo depois que o casal conseguiu conquistar a amizade e total confiança
dos outros. Ao contrário de João, Jerônimo era educado, sincero e respeitável.
Levavam uma vida simples e sua filha estudava num internato.
No cortiço era lei, todo
domingo, os moradores vestem suas melhores roupas e se reúnem para jantar,
dançar, festejar, tudo muito a vontade. E ai aparece uma figura inusitada, Rita
Baiana, que se destaca nas reuniões por conta de seu choro, muito bem
representado pela Baiana uma mulata faceira e seu amante Firmo o valentão da
região.
Toda
aquela agilidade na dança deixara Jerônimo admirado ao ponto de perder noites
em claro pensando na mulata Rita. O homem mudou seus costumes, brigava com sua
esposa e a cada dia mais se afeiçoava pela Rita Baiana.
Henrique
que veio com o intuito de estudar acabou se envolvendo em uma briga cruel, pois
ele estava apaixonado por Leocádia, e conseguiu fazer com que a mesma passasse
uma noite na cama com ele, porém Bruno, o marido da pobre moça os pegou,
despejando-a de casa depois de fazer um baita escândalo. Como Henrique poderia
cuidar da moça? Um pobre estudante que não tem onde cair morto?

No
cortiço foi proibido, nada se dizia a respeito dos culpados e vítimas. Piedade,
mesmo com toda a humilhação, não se aguentava chorando, muito descontente e
desesperada por seu marido acidentado. Firmo não mais entrava por lá, ameaçado
por João de ser entregue a polícia.
A festa
se fez por D. Isabel, ao saber de tão esperada notícia. Estava Pombinha a
preparar seu enxoval quando Bruno chegou e lhe pediu que escrevesse uma carta a
Leocádia. Ele chorava, ao ver a reação de submissão dele, desfrutava sua nova
sensação de posse do domínio feminino. Imaginava furtivamente a vida de todos,
pois sua escrivaninha servia de confessionário. Via em seu viver que tudo
aquilo continuaria, pois não havia homens dignos que merecessem seu amor e
respeito. Pombinha, mesmo incerta, casa-se com o Costa, foi grande a comoção no
cortiço. Surgiu um novo cortiço ali perto, a “Cabeça de Gato". A
rivalidade com o cortiço de João Romão foi criada. Firmo hospedou-se lá, tendo
ainda mais motivos contra Jerônimo, e deixando todos ainda mais irritados e com
ódio do valentão, principalmente a Rita Baiana. João, satisfeito com sua
segurança sobre os hóspedes, investia agora em seu visual e cultura, com
roupas, danças, leituras e uma amizade com Miranda e o velho Botelho.
Mas João
irá se vingar, ele não vai deixar que seu nome seja manchado de tal forma, e
então surge a noticia de que Firmo esta morto.
Rita
acabou assumindo seu caso com Jerônimo, ele sonhavam em começar uma vida nova
ao lado da mulata, despediu-se do emprego e de sua mulher. Contou a Piedade
tudo o que estava acontecendo, e tudo o que estava sentindo. E prometeu pagar o
colégio de sua filha.
Mas
Piedade não deixou barato, atracou-se em uma briga com Rita no momento em que a
Mulata saía de mudança, o cortiço todo e mais pessoas que surgiram no momento
da briga, entraram também na guerra. Foi um tremendo alvoroço.
Nem a polícia teve coragem
de entrar sem reforço. Os Cabeças de Gato também entraram na briga. Travou-se a
guerra, a luta dos capoeiristas rivais aumentava progressivamente quando o
incêndio nos 88 desatou ensanguentando o ar. A causa foi à mesma anterior, por
um desejo maquiavélico, a velha considerada bruxa incendiou sua casa, onde
morreu queimada e soterrada, rindo ébria de satisfação. Com todo alvoroço,
surgia água de todos os lados e só se pôs fim na situação quando os bombeiros,
vistos como heróis, chegaram. O velho Libório, mendigo hospedado num canto do
cortiço, ia fugindo em meio à confusão, mas João o seguiu. Descobriu então que o velho estava
fugindo com mantimentos de seu cortiço e se vingou do mendigo.
Mesmo assim
Piedade foi despejada indo refugiar-se no Cabeça de Gato, que tornara-se
claramente um verdadeiro cortiço fluminense. Ocorreu um encontro em uma
confeitaria na Rua do Ouvidor, entre a família do Miranda, o Botelho e o João
Romão que se puseram a conversar. Na volta, seguindo em direção ao Largo São
Francisco, João e Botelho optaram em ficar na cidade a conversar sobre o fim
que se daria à crioula. Estava tudo certo, seu dono iria buscá-la junto á
polícia. Quando isso se sucedeu, ao ver-se sem saída, impetuosa a fugir, com a
mesma faca que descamava e limpava peixes para o João, Bertoleza rasgou seu
ventre fora a fora. Naquele mesmo instante João Romão recebera um diploma de
sócio benemérito da comissão abolicionista.
É um marco do naturalismo no Brasil, onde os personagens principais são os moradores de
um cortiço no Rio de Janeiro, precursor das favelas, onde moram os excluídos, os humildes, todos aqueles
que não se misturavam com a burguesia, e todos eles
possuindo os seus problemas e vícios, decorrentes do meio em que vivem.
Aluísio Azevedo descreve a
sociedade brasileira da época com perfeição, desde os mais humildes e
arruaceiros até os mais burgueses. Clássico brasileiro O cortiço é referencia
mundial, e solicitado em vários vestibulares.
Vale muito a pena apreciar
tal obra pessoal. Casa de livro recomenda.
Titulo: O Cortiço
Autor: Aluísio Azevedo.
Ano: 1890
Páginas: 232
Editora: Martin Claret
Boa Leitura
Casa de livro Blog
Karina Belo
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