3 de out. de 2014

CAVERNA DE OSSOS - Cesar Bravo


Simplesmente Fantástico.
Cesar Bravo, ainda estou extasiada com o seu livro, não tem como descrever, não tem como resenhar, é fantástico.
Cesar é um dos autores parceiros do Blog Casa de Livro, já resenhamos outras obras do mesmo, contos magnificamente escritos, que nos renderam prazerosas leituras e boas resenhas.
Mas quando iniciei a leitura de Caverna de Ossos, não imaginava que o decorrer da trama seria tão envolvente.
Fabuloso, tão bem escrito, tão real em seus fatos e atos, que é como se estivéssemos ali, vivenciando e presenciando fisicamente cada momento por ele escrito.
Caverna de Ossos nos conta a história de uma ilha.
Ilha essa misteriosa, mágica e assustadora.
Famílias apareciam ali, da noite para o dia, com suas casas, seus tormentos, suas histórias. Intactas.
Há principio a confusão era arrasadora.


Como foram parar naquele lugar?
A casa era a mesma, suas famílias eram as mesmas.
Mas onde estavam?
Quem eram essas pessoas estranhas?
No meio daquele turbilhão de acontecimentos, novidades e confusões, geradas pelos novos habitantes da ilha. Começaram a entender como seria a rotina de seus dias naquele inóspito lugar.
Todos tinham seus empregos já designados. As crianças já tinham seu lugar garantido nas escolas.
Dinheiro era fácil ali.
As comidas de casa eram repostas depois de consumidas.
Tudo estava confortável.
Mas existia um preço, ninguém poderia sair de dentro de casa ao cair da noite. Após a sirene tocar, todos deveriam manter-se trancados.
E quando a sirene toca... Os pesadelos são soltos.

Gritos.
Torturas.
Massacres.
Quando a noite cai, tudo é caos.
Os habitantes daquele lugar têm seus temores, suas raivas, seus ódios.
Exatamente isso que a ilha trás a tona. Seus maiores fantasmas soltos, para atormentá-los. Todos precisam ser castigados. Todos precisam pagar pelos seus crimes.
Já não aguentam mais aquela vida. Aquele medo de não poder sair.
Querem respostas. Querem a verdade para que possam lutar, para que possam viver.
Uns grupos de sobreviventes se juntam para conseguir achar uma saída.
Renan, Anne, Bill, Andrey, Rogério, Nando, Luciana e Priscila. Eles sobreviveram a todo o terror que foi infligido até o momento. Mas não suportam mais. As mortes, a vida despedaçada. Eles precisam encontrar uma saída. O quanto antes.
Mesmo com todos os sinais e avisos, eles tentaram atravessar a ilha.


Mas o outro lado era composto por desespero, dor e terror.
Nesse instante que todos os segredos vieram à tona.
Todos os monstros aprisionados em seu ser foram libertados.
A ilha quer justiça, ela cobra pelos erros cometidos.
Eles foram atrás de seu algoz e agora irão pagar pelas suas escolhas.
Qual será o destino dessas pessoas?
Conseguirão escapar da ilha maldita?
Serão mortos como muitos outros que sumiram misteriosamente?
Eles entenderão o porquê de estarem ali?
E tudo o que viveram na ilha, será esquecido?
Bill é um garoto extremamente especial, que conduzirá com elegância e humor todos os momentos de tensão.
Qual será o grande final desse inteligente garoto?
Mais uma vez Cesar Bravo nos mostrou a força de seu nome. Conduziu-nos uma história tão envolvente, que nos faz querer mais, saber mais sobre aquele lugar, sobre aquelas pessoas.
Cesar, nós da Casa de Livro, nos vamos lhe parabenizar apenas, dessa vez. Mas saiba, estamos lhe aplaudindo de pé.
Obrigada pela maravilhosa leitura.
Casa de Livro Recomenda.

A morte acabou de passar por mim... Ou algo muito, muito ruim.



Titulo: Caverna de Ossos
Autor: Cesar Bravo
Páginas: 465
Ano: 2013

Boa Leitura
Casa de Livro

Karina Belo




Os passos continuavam rodeando a frente da casa. Pausadamente. Sem pressa alguma ou tentativa de silêncio. O dono das botas (pareciam botas para Renan e Andrey) continuava protegido pelo nevoeiro absurdamente espesso que tomou rapidamente conta de tudo. Algo metálico, uma espora talvez, tilintava. Mesmo a luz do poste de luz da frente desaparecera. Alguma coisa uivou distante. Renan concentrou-se mais, colando o ouvido direito à porta e ouviu alguns cochichos indiscerníveis. Gritos ecoavam de muito longe, também novos tiros.
BAMM!

 

O animal arfa deixando o braço cair rente ao bico de aço das botas do homem de chapéu. Ele abaixa com alguma dificuldade, apanha o braço, retira o anel colocando-o em seu bolso dianteiro e atira a peça para longe. O antebraço o lembra de um bumerangue que vira na tevê. O coto roda e roda rompendo pingos de chuva até cair no mar. O membro não aparecerá novamente, ele irá para a caverna dos ossos como tudo que cai na praia. E ninguém consegue entrar ali sem um guia; talvez os morcegos. O vai e vem das marés duram apenas alguns minutos enterrando junto com os ossos, brinquedos, garrafas de plástico e quem ousa desafiar a morte.

 

Com uma respiração profunda, Marcos aceitou a mão estendida de Isaac. Dona nuvem sorriu satisfeita e envolveu-os num abraço frio, tornando suas consistências tão fluidas quanto à dela. Marcos sentiu mais medo. Em seguida dor nos olhos com a luz brilhante que o impediu de saber onde estava. Havia vozes também, muitas delas. Parecia uma tremenda confusão. Alguém chorava aos soluços. E ele adormeceu.


Mas Uni não vai te ouvir dessa vez...
Não ainda. Temos contas a acertar e o velho não vai te proteger nessa.

Acorda, Bill! Nessa ilha ninguém morre inocente. Nem mesmo a mamãe, garotão. Sabe o que a sua mamãe fez? Aposto que não, e aposto que essa vadia nunca vai ter peito para contar a verdade. É bem se conformar, rapazinho. E é bom ficar fora do nosso caminho...

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