Que
história.
Shri
Damodara já havia nos mostrado todo o seu talento através da obra Karolina Machado, a qual já publicamos aqui no
Blog Casa de Livro.
Nossa
parceira, a autora, não mediu esforços em nos presentear novamente com mais uma
belíssima história por ela escrita.
Pássaro
no Escuro, nos mostra uma sociedade simples, pura e magnífica.
Uma
história tão real, e comovente, que nos envolve a cada frase lida.
Shri
Damodara tem um jeito incrível de escrever, uma forma que nos faz entrar nos
personagens, viver com eles, e sonhar o que eles sonham.
Augustinho
e um garoto inteligente, habilidoso e de opiniões próprias.
Morando
no sítio “Sossego” com seus pais, ele dividia seu tempo entre estudar e
trabalhar na roça.
Lizete,
sua mãe, era uma mulher forte, vivia pelo sítio. Tudo ali fazia e ajudava em
tudo o que era necessário.
Não
tinha medo do trabalho, não tinha preguiça. E amava seu filho e o admirava como
ninguém mais.
Isael,
seu pai, era um homem pacato. Seguia todas as ordens que sua mulher lhe
aplicava. Vivia por Lizete, fazia de tudo por ela.
Lizete
precisava dar um jeito no sítio, herdou aquele pedaço de chão de seu pai, e seu
desejo era repassar a Augustinho, futuramente.
O
que se plantava ali não estava dando nem para se alimentarem direito. Ela
precisava de um empréstimo, ela precisava fazer aquelas terras prosperarem.
Foi
então que decidiram pedir um empréstimo ao banco, precisariam da ajuda de Sr.
Osvaldo, vizinho e também um político daquelas bandas.
Augustinho
não ia muito com a cara de Osvaldo, sabia que sua fama. Ele também não enganava
sua mãe Lizete, mas eles precisavam de ajuda. E o garoto com seus dez anos de
idade, não poderia orientar sua mãe no que seria melhor para o sítio.
Osvaldo
também tinha uma filha, Dolores, que ficou muito apegada com Lizete. Sua mãe
não lhe dava atenção necessária, tinha medo do pai, e a menina por peitar o
homem da casa, chorava no colo de Lizete.
Portanto
quando o pior aconteceu, a vida de todos naquele local ficou nublada.
Após
o empréstimo sair, claro que com uma grande quantia a mais para Osvaldo, Lizete
passou a trabalhar com afinco no seu pedacinho de chão.
Passava
todas as tarefas que Isael e os trabalhadores deveriam realizar. Também
orientada Augustinho, a fazer o seu trabalho e se arrumar para ir à escola.
Enquanto
ela iria buscar capim para os animais que ali criavam.
Mesmo
com todo o preparo diário de proteção que ela fazia, Lizete foi picada por uma
cobra coral.
A
morte foi dolorosa. Ela não conseguiu ir à busca de ajuda.
A
dor era tanta que ela morreu ali mesmo.
Lizete
que movia aquele lugar, que guiava Isael, que ajudava Augustinho, que
aconselhava Dolores.
Qual
será o destino de todos os que estavam cercados pela proteção e amor dessa
mulher?
A
guerreira Lizete, que nunca sairá do coração dos que estavam ao seu lado.
Mas
o tempo passa e nada melhora.
Isael
esta acabado, fraco, não consegue se cuidar, não consegue cuidar de seu filho.
E
quando o menino pensa que seu pai está melhorando, que conseguirá ser amparado
pelo pai, ter o restou de sua família de volta, uma nova tragédia se abate
sobre aquelas terras.
Qual
será o destino de Isael?
Augustinho
tão pequeno conseguirá enfrentar, sozinho, o que ainda está por vir?
Uma
história encantadora, que Shri Damodara encheu de sentimentos.
Logo
teremos sorteio de alguns exemplares dessa maravilhosa obra.
Casa
de Livro Recomenda.
Porque ele, definitivamente, conseguiu
entender a escuridão de Isael.
Titulo:
Pássaro no Escuro
Autora:
Shri Damodara
Páginas:
133
Ano:
2014
Editora:
All Print
Boa
Leitura
Casa
de Livro
Karina
Belo
Augustinho tinha os cabelos dourados.
Puxara ao pai e à mãe. Ambos, Isael e Lizete, descendiam de
famílias loiras e bronzeadas pelo sol e pelo trabalho. Então, era comum verem
aquela cabeça amarela perambulando pelo sítio, silenciosa e pensativamente.
Lizete não condenava o filho. Mas discordava de tanta distração. Sem
trabalhadores, havia carência na mesa. Por isso, Augustinho também pegava na
enxada. Embora tivesse só dez anos.
Nesse instante, Augustinho encarou os pais.
Seus olhos questionavam por que eles brigavam tanto. Claro. Eram coisas de vida
e de morte. Sua mãe tinha medo de que passassem fome. E seu pai, aos sábados,
só pensava na cachacinha. Não era um irresponsável. Mas só cumpria as demandas
de seu espírito preguiçoso, acostumado às ordens e ao cabresto.
Isael deixou a sala. Augustinho ficou
olhando nada pela janela.Tristeza. De repente, seu pai entrou de
novo. Chorando muito. Desculpando-se. Augustinho quis abraçá-lo. Mas não o fez.
E só disse:
“Por favor, se levante! Se levante, meu
pai. Se levante...”
Mas Isael deixou a sala. Definitivamente.
Augustinho saiu daquele torpor para acudir
o amigo que se agarrava nele, que chorava em total desespero. Ninguém entendia
nada. Pois nem desconfiavam quem tinha sido o assassino. Mas Augustinho
entendeu. Carabina deixou a sala correndo, e se escondeu, para não mais ser
visto.
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