A
Autoestrada é um suspense psicológico eletrizante que alia a marca consagrada
de Stephen King ao ponto de vista de seu alter ego Richard Bachman.
Escrevendo
com tal pseudônimo, King conseguiu ousar em sua escrita de uma forma peculiar. Levando
o leitor a uma aventura impressionante.
Bart
Dawes é um homem simples, gerente em uma lavandeira, casado e com uma vida
inteira pela frente.
Mas
nada era perfeito em sua vida.
Casou-se
com Mary as pressas, quando ainda eram adolescentes, por tê-la engravidado.
Conquistaram
sua casa própria, seu emprego, e um aborto foi à fatalidade do momento.
Bart
ficou imensamente perturbado, mas seguiu sua vida. Sabia que poderiam
reconstruir aquela família que foi desfalcada antes mesmo de se iniciar
completamente.
Alguns
anos depois nasceu George. Um garoto meigo, que era tudo para Bart. Eles tinham
uma ligação incrível, o amor era incondicional.
Mas
descobriram que o garoto tinha um câncer, que o levou a óbito em pouco tempo.
Mary
ficou despedaçada. Chorou, gritou, sofreu.
Bart
sofreu de forma avassaladora, mas apenas internamente. Ele não conseguiria
superar a ausência de seu filho. Nunca conseguiria superar sua perda. Bart nunca
iria superar aquela dor.
A
vida seguiu novamente, o casamento permaneceu vivo. Mas nada era como antes. As
coisas esfriaram e tudo mudou. A morte do seu filho deixou marcas profundas, tanto em seu casamento, quanto em sua atitude.
É,
portanto, a pior hora possível para mais uma reviravolta.
Bart
é informado de que uma extensão será construída. Uma autoestrada que passará
por lugares sagrados para aquele homem.
Sua
Casa.
A
Lavanderia.
Dois
lugares onde passou a vida inteira vão ser desapropriados e demolidos.
Bart
Dawes não consegue aceitar que os dois lugares mais especiais, em questões de
sentimentos, serão retirados de sua vida.
Ele
tem um prazo para encontrar um novo local para morar. E um novo bairro para que
a lavanderia possa abrir suas portas.
Bart
tenta de todas as formas impedirem que aquela construção continuasse.
Mas
ninguém nunca irá ouvi-lo.
Traça
então um plano, que irá testar toda a sua sanidade mental, e o levará a ruína.
Mas
fará de tudo para defender o chão em que seu filho pisou. A casa que ele viveu
os dias de sua vida.
Bart
se transforma em uma ameaça ambulante à sociedade.
Mary
não reconhece mais seu marido. Ela tem medo dele.
Para
ele tudo é uma questão de principio.
Suas
memórias estão ali.
Sua
vida.
Suas
alegrias.
Seus
momentos.
Nada
nem ninguém irão derrubar aqueles lugares.
Quem
estiver em seu caminho terá de pagar o preço.
Bart
conseguirá salvar a sua casa?
A
autoestrada irá acabar com todas as suas memórias?
Uma
obra impressionante que todos devem ler.
Casa
de Livro Recomenda.
A bola
está com você novamente, Dawes. Neste jogo, ela estará sempre com você.
Titulo:
A Autoestrada
Titulo Original: Roadwork
Autor: Richard Bachman – Stephen King
Ano: 1981
Páginas: 374
Editora: Objetiva
Boa Leitura.
Casa de Livro.
Karina Belo.
À direita, havia mostruário de vidro que
corria por toda extensão da loja. Estava cheio de rifles pendurados. Conseguiu reconhecer
as espingardas de dois canos, mas todo o resto era um mistério para ele. Ainda assim,
algumas pessoas – como os dois no balcão do outro lado, por exemplo – dominavam
aquele mundo com a mesma facilidade com que ele dominara contabilidade geral na
faculdade.
Naquele exato momento, ele girou o martelo
e a tela da tevê explodiu. Vidro foi expelido sobre o carpete. Só para garantir
que a televisão não o fritasse durante a noite por vingança, ele arrancou o
plugue da tomada da parede com um chute.
- Feliz Ano Novo – disse ele baixinho,
largando o martelo no carpete.
Ele se deitou no sofá e adormeceu quase de
imediato. Dormiu com as luzes acesas e não teve sonhos.
Fez-se um silêncio constrangido e, nele,
sons de sirenes, ainda distantes, começaram a se erguer. Ele largou a Magnum e
apanhou o rifle. O delírio jubiloso o havia abandonado, deixando-o cansado,
dolorido e com vontade de cagar.
Por favor, faça o pessoal das estações de
tevê chegar rápido, rezou ele. Faça-os chegar rápido com suas câmeras.
Ele fechou os olhos e seu último pensamento
foi que o mundo não estava explodindo ao seu redor, mas sim dentro dele, e
embora a explosão tivesse sido cataclísmica, não foi maior do que, digamos, uma
noz de tamanho considerável.
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