Lois
Lowry conseguiu criar uma história magnífica. Uma ficção com uma moral
totalmente real.
A
maneira como criou os personagens, elementos e fatos foram incrivelmente
sensacionais.
“O
Doador de Memórias” nos mostra uma planeta que foi devastado. Seus anciões,
pessoas que sobreviveram, reconstruíram o seu lar.
Mas
com a tecnologia que possuíam, decidiram que seria um planeta perfeito. Com sua
mesmice, claro, mas totalmente perfeito. Um sistema que não continha falhas,
aparentemente, até o momento em que o jovem Jonas foi escolhido como recebedor.
Naquele
local as crianças atingiam a idade adulta com seus doze anos. Onde eram
designadas funções, para cada indivíduo.
Dentro
daquela comunidade tudo funcionava perfeitamente. Todos trabalhavam, as
crianças estudavam.
Na
cerimônia, que acontecia todo mês de dezembro, quando Jonas iria passar de um
onze para um doze, e receber sua atribuição. Tudo começou a mudar.
Seus
melhores amigos receberam trabalhos comuns, que eram importantes sim para
aquela comunidade. Eles são estudados desde que nascem, é impossível não gostarem
de suas funções. Mas Jonas não tinha ideia do que queria ser, foi quando para
sua surpresa, foi escolhido como o Recebedor.
Umas
das honrarias mais fantásticas daquele lugar. Ele foi ovacionado pelas pessoas.
Seu
treinamento foi iniciado. O Doador de Memórias explicou tudo o que Jonas
deveria saber para começar a receber as memórias.
Jonas
agora estava totalmente fora do sistema, para que pudesse receber todos os
sentimentos, ele poderia mentir, perguntar, e também burlar algumas regras que
eram inquebráveis.
Um
garoto de doze anos, que não conhecia as cores, sabores, sentimentos. Passou a
entender que o mundo não era aquilo que ele conhecia. Existiam mais, eles
poderiam fazer mais.
Jonas
descobriu segredos sobre aquele sistema, que eram cruéis. E só ele, com a ajuda
do doador poderiam mudar a vida daquelas pessoas.
Eles
eram reféns daquela mesmice.
Eles
não podiam pensar, nem sonhar.
Jonas
e o Doador bolaram um plano. O garoto precisa encontrar a divida das memórias
em Alhures.
Só
assim todas as lembranças farão parte da vida dos cidadãos que ali habitam.
Será
a única forma de dar vida, cor e sentimentos para todos que ele conhece.
Precisa
levar a verdade, precisa mostrar o quão errado e cruel as coisas são.
Ele
precisa deixar o povo viver.
Jonas
conseguirá salvar toda uma comunidade?
Ele
conseguirá entender o significado do amor?
Umas
histórias incrivelmente bela, que todos devem ler.
Casa
de Livro Recomenda.
A questão
é que eu não imaginava que pudesse haver outra maneira até receber aquela
lembrança.
Titulo:
O Doador de Memórias
Titulo
Original: The Giver
Autor:
Lois Lowry
Ano:
1993
Páginas:
190
Editora:
Arqueiro.
Boa
Leitura.
Casa
de Livro.
Karina
Belo.
Pedalando rapidamente pelo caminho, ele se
sentiu estranhamente orgulhoso por ser parte daquele que tomavam as pílulas. Por
um momento, entretanto, ele se lembrou outra vez do sonho. O sonho fora
prazeroso. Apesar dos sentimentos confusos, ele achava que gostara daquilo que
sua mãe chamava de atiçamentos. Lembrou-se de que, ao acordar, tivera vontade
de senti-los de novo.
Então, da mesma forma como sua residência sumiu
atrás de si quando dobrou uma esquina em sua bicicleta, o sonho sumiu de seus
pensamentos. Muito ligeiramente, com um pouquinho de culpa, ele tentou resgatá-los.
Mas a sensação desaparecera. Os atiçamentos tinham passado.
Com a mão ainda firmemente pousada no ombro
de Jonas, a Anciã-Chefe enumerou suas qualidades.
- Inteligência – disse ela – todos estamos
cientes de que Jonas tem sido um excelente aluno durante a sua vida escolar.
Fez uma grande pausa e citou em seguida:
- Integridade. Jonas, como todos nós,
cometeu pequenas transgressões. – sorriu para ele – já esperávamos por isso. Esperávamos,
também, que se apresentasse prontamente para receber punição, o que ele sempre
fez.
E prosseguiu:
- Coragem. Apenas um de nós aqui hoje
passou pelo rigoroso treinamento que a função de Recebedor exige. E essa pessoa
é, inegavelmente, o membro mais importante do Comitê: o atual Recebedor. Foi ele
quem nos lembrou repetidamente da necessidade da coragem. Jonas – a disse,
virando-se para ele, mas falando numa voz que a comunidade inteira podia ouvir -,
o treinamento exigido de você envolve dor. Dor física.
- As coisa podiam mudar, Gabe – Jonas continuou
a falar. – Podiam ser diferentes. Não sei como, mas deve haver um jeito
qualquer para fazê-las ficar diferentes. Poderia haver cores. E avós –
acrescentou, fitando o teto de seu dormitório através da penumbra. – E todo
mundo teria as lembranças. Você sabe das lembranças – murmurou, virando-se para
o berço.
A respiração de Gabriel soava regular e
profunda. Jonas gostava de tê-lo ali, apesar de se sentir culpado por causa do
segredo. Toda noite dava lembranças a Gabriel: lembranças do passeio de barco e
piqueniques ao sol; de chuva caindo suave nas vidraças; de dançar descalço na
grama úmida.
- Gabe?
A criança-nova se mexeu ligeiramente. Jonas
olhou na direção dela.
- Poderia haver amor – sussurrou Jonas.
Utilizando o que restava de suas forças e
um conhecimento especial que trazia no fundo de si, Jonas encontrou o trenó que
esperava por eles no alto da colina. Seus dedos insensíveis tatearam a procura
da corda.
Instalou-se no trenó e abraçou Gabe com
força. A colina era íngreme, mas a neve estava solta e macia, e ele sabia que
desta vez não haveria gelo, nem queda, nem dor.
Dentro de seu corpo frio, seu coração enchia-se
de esperança.
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