Flores
do Cárcere, uma obra que tivemos a honra de receber um exemplar físico através
da autora e de sua equipe. Queremos primeiramente agradecê-la por nos
presentear com uma história magnífica, emocionante e real.
Deixo
também registrado meus singelos “parabéns” à autora Flavia Ribeiro. Parabéns
não podem expressar nem sequer um terço dos meus sentimentos para com a obra.
Através
do livro Flores do Cárcere, eu conheci uma vida totalmente distinta, que por
mais instruídos que possamos ser não temos o pleno conhecimento do que se passa
dentro de um presidio. A frase, “apenas vivendo para saber.” faz todo o
sentido aqui.
Fomos
transportados para a realidade do 2° DP, A Cadeia Feminina de Santos.
Flavia
nos mostrou história reais, que nunca iríamos conhecer sem a sua iniciativa de
promover um trabalho tão importante. Uma forma de abrir os olhos de nossa
sociedade, e mostrar que preconceito existe sim, e que pode acabar com vidas em
recuperação.
Todas
as detentas foram renomeadas no livro, com nome de flores, assim como as
carcereiras e toda a equipe que trabalha no presídio.
A
autora que sempre foi uma guerreira, nunca deixou de ajudar ao próximo, como voluntária, deu aulas de informática na cadeia feminina de Santos. A princípio muita coisa “deu errado” adiando assim o início de seu projeto junto às detentas. Mas o destino lhe apresentou Angélica, também voluntária no local e
que conseguiu uma vaga para Flavia.
Os
primeiros dias foram de aflições e medos. Anteriormente, houve uma rebelião no local. Um das carcereiras foi feita refém. Todos os ânimos
ainda estavam exaltados por conta dos acontecimentos, mas ainda que o medo
estivesse presente, a vontade de conhecer a história daquelas meninas e de
plantar uma semente do bem em seus corações, falavam mais alto no interior de Flavia.
A
amizade e confiança foram conquistadas aos poucos, e através das páginas do
livro a autora nos relata histórias de um aprendizado sem fim.
Foi
possível identificar, que não importa se as presidiárias são culpadas ou inocentes,
todas são tratadas como animal.
O
local onde dormem a alimentação, tudo é uma precariedade total.
Saúde?
Não existe. Detentas morrem, perdem a vontade de tudo. Não existe higiene, não existe
compaixão, ninguém olha para elas naquele lugar.
Conforme
vão se abrindo com Flavia, conseguimos perceber que muitas das meninas que
ali estão, foram presas por ingenuidade. Um namorado que tinha drogas, um favor
que fez para um amigo. Outras são culpadas sim, admitem seus erros e nas
condições em que se encontram informam que voltarão sim a errar.
Por
quê?
Porque
ninguém iria confiar um emprego a elas.
Ninguém
confiaria crianças para elas cuidar.
Ninguém
confiaria sua casa para elas arrumar.
Ninguém
as ajudaria a ter uma vida digna.
Se
o governo não o faz, quem faria?
Flavia
consegue nos mostrar o quão forte o preconceito é em nossas vidas, o quanto
olhamos “atravessados” para mulheres que já foram presas.
Mas
foi Flavia que conseguiu plantar uma semente de esperança naquelas meninas, até
então, perdidas.
As
aulas de informática aconteciam sim, mas passou apenas a ser rotulada como tal.
A "Professora", como era conhecida, se tornou uma amiga de roda de conversas. Uma
amiga para rir, para chorar, para desabafar.
Flavia
Ribeiro conheceu história que chocam qualquer um. Conheceu meninas com um
coração enorme, trancadas em um local imundo.
E
com sua força de vontade ela conseguiu fazer com que aquele lugar fosse um
pouco mais feliz.
Juntas
realizaram eventos na prisão, para as detentas e também familiares que vinham
visitá-las.
Conseguiu
apoio.
Conseguiu
que o mundo, o governo, olhasse para aquelas pessoas com outros olhos.
E
tenho certeza que conseguiu, com seu amor e dedicação, ajudar aquelas garotas a
não persistirem no erro.
Uma
obra incrivelmente bela, onde eu ri, chorei e me emocionei do começo ao fim.
Parabéns Flavia. E que seu exemplo seja seguido por muitas pessoas.
Casa
de Livro Recomenda.
Amiga Flavia, você sabe o sofrimento
Coração bate acelerado, é a saudade
Essa homenagem é pra você ficar feliz
Que tá com nós, lado a lado até o fim...
Titulo:
Flores do Cárcere
Autora:
Flavia Ribeiro de Castro
Ano:
2011
Páginas:
242
Editora:
Talento
Boa
Leitura
Casa
de Livro
Karina
Belo.
Imaginei como se sentiam ao serem vistas
trancadas. Devia ser dolorido encarar os olhos da própria mãe ou, talvez pior,
os do próprio filho.
A causa das mulheres encarceradas se
mostrava cada vez mais complexa. Um assunto fadado ao abandono. Um tema ainda
mais oculto do que tratamento de esgoto. Se construir tubos debaixo da terra não
arrecada votos, ajudar presidiários espanta eleitor. O que explica, em parte,
por que é tão difícil construiu um sistema eficiente de reeducação para presos.
Um tema que engrossará para sempre, eu pensei, a lista das questões que nunca
se resolvem. Além de invisível, exige medidas impopulares e custosas que um
estado imaturo não se interessa em fazer.
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