11 de fev. de 2014

FLORES DO CÁRCERE – (Flavia Ribeiro de Castro)


Flores do Cárcere, uma obra que tivemos a honra de receber um exemplar físico através da autora e de sua equipe. Queremos primeiramente agradecê-la por nos presentear com uma história magnífica, emocionante e real.
Deixo também registrado meus singelos “parabéns” à autora Flavia Ribeiro. Parabéns não podem expressar nem sequer um terço dos meus sentimentos para com a obra.
Através do livro Flores do Cárcere, eu conheci uma vida totalmente distinta, que por mais instruídos que possamos ser não temos o pleno conhecimento do que se passa dentro de um presidio. A frase, “apenas vivendo para saber.” faz todo o sentido aqui.
Fomos transportados para a realidade do 2° DP, A Cadeia Feminina de Santos.
Flavia nos mostrou história reais, que nunca iríamos conhecer sem a sua iniciativa de promover um trabalho tão importante. Uma forma de abrir os olhos de nossa sociedade, e mostrar que preconceito existe sim, e que pode acabar com vidas em recuperação.
Todas as detentas foram renomeadas no livro, com nome de flores, assim como as carcereiras e toda a equipe que trabalha no presídio.
A autora que sempre foi uma guerreira, nunca deixou de ajudar ao próximo, como voluntária, deu aulas de informática na cadeia feminina de Santos. A princípio muita coisa “deu errado” adiando assim o início de seu projeto junto às detentas. Mas o destino lhe apresentou Angélica, também voluntária no local e que conseguiu uma vaga para Flavia.
Os primeiros dias foram de aflições e medos. Anteriormente, houve uma rebelião no local. Um das carcereiras foi feita refém. Todos os ânimos ainda estavam exaltados por conta dos acontecimentos, mas ainda que o medo estivesse presente, a vontade de conhecer a história daquelas meninas e de plantar uma semente do bem em seus corações, falavam mais alto no interior de Flavia.
A amizade e confiança foram conquistadas aos poucos, e através das páginas do livro a autora nos relata histórias de um aprendizado sem fim.
Foi possível identificar, que não importa se as presidiárias são culpadas ou inocentes, todas são tratadas como animal.
O local onde dormem a alimentação, tudo é uma precariedade total.

Saúde? Não existe. Detentas morrem, perdem a vontade de tudo. Não existe higiene, não existe compaixão, ninguém olha para elas naquele lugar.
Conforme vão se abrindo com Flavia, conseguimos perceber que muitas das meninas que ali estão, foram presas por ingenuidade. Um namorado que tinha drogas, um favor que fez para um amigo. Outras são culpadas sim, admitem seus erros e nas condições em que se encontram informam que voltarão sim a errar.
Por quê?
Porque ninguém iria confiar um emprego a elas.
Ninguém confiaria crianças para elas cuidar.
Ninguém confiaria sua casa para elas arrumar.
Ninguém as ajudaria a ter uma vida digna.
Se o governo não o faz, quem faria?
Flavia consegue nos mostrar o quão forte o preconceito é em nossas vidas, o quanto olhamos “atravessados” para mulheres que já foram presas.
Mas foi Flavia que conseguiu plantar uma semente de esperança naquelas meninas, até então, perdidas.
As aulas de informática aconteciam sim, mas passou apenas a ser rotulada como tal. A "Professora", como era conhecida, se tornou uma amiga de roda de conversas. Uma amiga para rir, para chorar, para desabafar.
Flavia Ribeiro conheceu história que chocam qualquer um. Conheceu meninas com um coração enorme, trancadas em um local imundo.
E com sua força de vontade ela conseguiu fazer com que aquele lugar fosse um pouco mais feliz.
Juntas realizaram eventos na prisão, para as detentas e também familiares que vinham visitá-las.
Conseguiu apoio.
Conseguiu que o mundo, o governo, olhasse para aquelas pessoas com outros olhos.
E tenho certeza que conseguiu, com seu amor e dedicação, ajudar aquelas garotas a não persistirem no erro.
Uma obra incrivelmente bela, onde eu ri, chorei e me emocionei do começo ao fim.

Parabéns Flavia. E que seu exemplo seja seguido por muitas pessoas.

Casa de Livro Recomenda.


Amiga Flavia, você sabe o sofrimento
Coração bate acelerado, é a saudade
Essa homenagem é pra você ficar feliz
Que tá com nós, lado a lado até o fim...



Titulo: Flores do Cárcere
Autora: Flavia Ribeiro de Castro
Ano: 2011
Páginas: 242
Editora: Talento

Boa Leitura
Casa de Livro

Karina Belo.

                                          
Imaginei como se sentiam ao serem vistas trancadas. Devia ser dolorido encarar os olhos da própria mãe ou, talvez pior, os do próprio filho.




A causa das mulheres encarceradas se mostrava cada vez mais complexa. Um assunto fadado ao abandono. Um tema ainda mais oculto do que tratamento de esgoto. Se construir tubos debaixo da terra não arrecada votos, ajudar presidiários espanta eleitor. O que explica, em parte, por que é tão difícil construiu um sistema eficiente de reeducação para presos. Um tema que engrossará para sempre, eu pensei, a lista das questões que nunca se resolvem. Além de invisível, exige medidas impopulares e custosas que um estado imaturo não se interessa em fazer.


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