Mais
uma parceria formada.
Quando
Maria Tereza entrou em contato conosco, da Casa de Livro, eu soube que nasceria
uma forte amizade entre a gente.
E
não foi diferente. Uma autora maravilhosa e uma pessoa encantadora, Maria nos
honrou com um exemplar de sua obra “O Rio e o Mar”.
Uma
obra que conta três histórias, que serão resenhadas individualmente.
A
nossa primeira parada é na vida de Páscoa.
Uma
mulher aparentemente frágil, mas que com o decorrer da trama, conheceu uma
força que não sabia possuir.
Casada
com Herculano, um militar cheio de regras e pudores. A mulher vivia sob a sua vigilância,
as suas maneiras e as suas vontades.
Uma
doença misteriosa de apoderou dessa de Páscoa. Não tinha vontade de nada, não tinha
forças para levantar da cama.
Não
falava não se alimentava devidamente, e não brincava com sua filha Sofia.
Nenhum
tipo de tratamento conseguia tirá-la desse estado vegetativo.
Um
médico bruto que não sabia mais como tratá-la viu que a única alternativa seria
dar um violento banho de mar em Páscoa.
Um
mergulho nas águas milagrosas do Rio de Janeiro, de cabeça para baixo.
Foi
contratado então um banhista, que já fazia alguns serviços para o médico em questão,
e tinha ordens para fazer o banho de mar como orientado.
Mas
quando Grego, o banhista, sentiu aquele corpo franzino em seus braços, o calor
de Páscoa em seu corpo, ele sabia que deveria ajudá-la.
Os
sentimentos nasceram naquele instante. As ordens não foram acatadas. Grego deu
o banho de mar em Páscoa, de uma forma que ela poderia se divertir, ele não deixaria
nunca que ela se machucasse.
Herculano
sentiu algo estranho, o médico logo se irritou com o banhista por não ter feito
o que ele orientou.
A
mulher foi levada as pressas para casa. Mas a melhora foi gradativa.
Páscoa
voltou a viver.
O
mar a salvou?
Ou
o amor que nasceu em seu coração a livrou da estranha doença?
Em
uma época em que adultério era punido com a morte.
Páscoa
se viu dividida em continuar vivendo uma mentira, em um casamento sem amor e
recheado de regras.
Ou
embarcar de vez em uma história de amor mágica, que a leva ao céu e que a faz
sentir-se maravilhosamente bem.
Passeios
escondidos foram realizados.
Sua
filha Sofia, e a empregada Quitéria a acompanhavam para ajudá-la. As duas ansiavam
tanto pela melhora de Páscoa que vê-la com os olhos brilhando era maravilhoso.
Mas
essa história não conseguirá continuar tão bem assim.
Herculano
é um militar, tem olhos pela cidade.
Páscoa
poderá arruinar a sua vida.
Ela
conseguirá viver essa história de amor?
Grego
estará ao lado dela, da maneira como merece?
Herculano
será capaz de uma atrocidade ao descobrir os sentimentos de sua esposa?
Um
romance maravilhoso, com momentos incríveis. Como palco o Rio de Janeiro, o mar
que lava a alma e renova as esperanças.
Maria
Tereza, obrigada pela maravilhosa história.
Casa
de Livro Recomenda.
O que fazer?
Deixar todos de vez?
A própria vida?
Ser engolida pelo mar?
Titulo:
O Rio e O Mar – Primeira História.
Autora:
Maria Tereza O. S. Campos.
Páginas:
89
Ano:
2014.
Boa
Leitura.
Casa
de Livro.
Karina
Belo.
No aposento vizinho, Sofia está sentada em
sua cama, com a janela aberta para a tarde que cai. Retira um retrato de dentro
de uma caixa revestida com um tecido floral desbotado. Na fotografia, os pais
posam juntos. A mão de Páscoa se apoia sobre o antebraço de Herculano, dobrado
em frente ao próprio corpo. O pai emana sóbria responsabilidade e exibe, na
lapela da bem talhada farda de tenente de então, um pequeno ramo de delicadas
flores. Páscoa usa um elegante vestido escuro e um véu branco de bordas que lhe
roçam os ombros. Preso por uma tiara de flores de laranjeira, idênticas à da
lapela do marido, o véu emoldura o jovem rosto. Uma chispa de sorriso ilumina a
curiosidade do olhar. A menina suspira inundada de amor.
Á mesa do jantar, Herculano avisa que
partirá, na primeira hora da manhã seguinte, para atender compromissos na
cidade. Como de costume, encerra o assunto, sem mais explicações. Páscoa surpreende-se
com sua própria reação. Não se ressentiu com a autonomia indiferente do marido,
que tantas vezes a magoou. Nem a agenda misteriosa em pleno feriado de Carnaval
a instigou. Ao contrário, apreciou a circunstância que lhe permite retomar o
passeio matinal do jeito que mais gosta de fazer.
Teme atender a um chamado igual ao feito
pelo tenor: - Vinde, senhora, para meus beijos! Vinde para o beijo da vida e do
amor! Para além da canção, há ainda o efeito das cordas do piano, dos violinos
e violoncelos, ora suaves e alegres, ora chorosos e profundos, às vezes
solitários, às vezes encorpados pelos sopros das madeiras e pela força dos
metais. Os acordes tangem a alma de Páscoa, esticam-na ao máximo e depois a
abandonam, deixando-a desnorteada; ou então a beliscam, só para alertá-la da
vaga quente dos sonhos que se sucederão e a engolfarão numa ode ao prazer.
Herculano a agarra pelo braço e traz para
perto dele.
- O sobrado será vendido e Sofia partirá em
breve. Irá estudar em Paris.
Páscoa sente-se aliviada da filha ser
poupada de mais tristezas. Buscará por ela depois, quando esse martírio tiver
terminado. Quanto ao sobrado não autorizará a venda. Mesmo adúltera, sabe que
tem pelo menos esse amparo da lei.
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