
O livro na Antiguidade
Antes mesmo que o homem pensasse em utilizar determinados materiais para escrever (como, por exemplo, fibras vegetais e tecidos), as bibliotecas da Antiguidade estavam repletas de textos gravados em tabuinhas de barro cozido. Eram os primeiros “livros”, depois progressivamente modificados até chegar a ser feitos — em grandes tiragens — em papel impresso mecanicamente, proporcionando facilidade de leitura e transporte. Com eles, tornou-se possível, em todas as épocas, transmitir fatos, acontecimentos históricos, descobertas, tratados, códigos ou apenas entretenimento.
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Nova Biblioteca de Alexandria |
Espelho da sociedade
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Atual Biblioteca de Alexandria — Biblioteca principal com onze níveis em cascata. Localizada na costa do Mar Mediterrâneo |
A história do livro
confunde-se, em muitos aspectos, com a história da humanidade. Sempre que
escolhem frases e temas, e transmitem idéias e conceitos, os escritores estão
elegendo o que consideram significativo no momento histórico e cultural que
vivem. E assim, fornecem dados para a análise de sua sociedade. O conteúdo de
um livro — aceito, discutido ou refutado socialmente — integra a estrutura
intelectual dos grupos sociais.
Nos primeiros tempos,
o escritor geralmente vivia em contato direto com seu público, que era formado
por uns poucos letrados, já cientes das opiniões, idéias, imaginação e teses do
autor, pela própria convivência que tinha com ele. Muitas vezes, mesmo antes de
ser redigido o texto, as idéias nele contidas já haviam sido intensamente
discutidas pelo escritor e parte de seus leitores. Nessa
época, como em várias
outras, não se pensava no enorme percentual de analfabetos. Até o século
XV, o livro servia
exclusivamente a uma pequena minoria de sábios e estudiosos que constituíam os círculos
intelectuais (confinados aos mosteiros no início da Idade Média) e que tinham
acesso às bibliotecas, cheias de manuscritos ricamente ilustrados.
Com o reflorescimento
comercial europeu em fins do século XIV, burgueses e comerciantes passaram a
integrar o mercado livreiro da época. A erudição laicizou-se, e o número de
escritores aumentou, surgindo também as primeiras obras escritas em línguas que
não o latim e o grego
(reservadas aos
textos clássicos e aos assuntos considerados dignos de atenção).
Nos séculos XVI e
XVII, surgiram diversas literaturas nacionais, demonstrando, além do florescimento
intelectual da época, que a população letrada dos países europeus estava mais capacitada
a adquirir obras escritas.
Cultura e comércio
Com o desenvolvimento do sistema de impressão de Gutenberg, a Europa conseguiu
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Biblioteca de Alexandria — museu de Antiguidades |
Impressos em papel,
feitos em cadernos costurados e posteriormente encapados, os livros tornaram-se
empreendimento cultural e comercial: os editores passaram logo a se preocupar
com melhor apresentação e redução de preços. Tudo isso levou à comercialização
do livro. E os livreiros baseavam-se no gosto do público para imprimir,
sobretudo, obras religiosas, novelas, coleções de anedotas, manuais técnicos e
receitas.
O percentual de
leitores não cresceu na mesma proporção que a expansão demográfica
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Máquina tipográfica utilizada na confecção dos livros |
jornais, periódicos e
folhetins, mais dinâmicos e atualizados, além de acessíveis ao poder aquisitivo
da grande maioria. Mas isso não chegou a ameaçar o livro como símbolo cultural
de difusão de idéias, como fariam, mais tarde, o rádio, o cinema e a televisão.
O advento das técnicas eletrônicas, o aperfeiçoamento dos métodos fotográficos
e a pesquisa de materiais praticamente impere -cíveis fazem alguns teóricos da
comunicação de massa pensar em um futuro sem os livros tradicionais, com seu
formato quadrado ou retangular, composto de folhas de papel, unidas umas às
outras por um dos lados. Seu conteúdo e suas mensagens, racionais ou
emocionais, seriam transmitidos por outros meios, como, por exemplo,
microfilmes e fitas gravadas.
A televisão
transformaria o mundo inteiro em uma grande “aldeia” (como afirmou Marshall McLuhan),
no momento em que todas as sociedades decretassem sua prioridade em relação aos
textos escritos. Mas a palavra escrita dificilmente deixaria de ser considerada
uma das mais importantes heranças culturais, para todos os povos. E no decurso
de toda a sua evolução, o livro sempre pôde ser visto como objeto cultural
(manuseável, com
forma entendida e interpretada em função de valores plásticos) e símbolo
cultural (dotado de conteúdo, entendido e interpretado em função de valores
semânticos). As duas maneiras podem fundir-se no pensamento coletivo, como um
conjunto orgânico (em que texto e arte se completam, como, por exemplo, em um
livro de arte) ou apenas como um conjunto textual (no qual a mensagem escrita
vem em primeiro lugar — em um livro de matemática, por exemplo).
A mensagem (racional,
prática ou emocional) de um livro é sempre intelectual e pode ser revivida a
cada momento.O conteúdo, estático em si, dinamiza-se em função da assimilação
das palavras pelo leitor, que pode discuti-las, reafirmá-las, negá-las ou
transformá-las. Por isso, o livro pode ser considerado um instrumento cultural
capaz de liberar informação, sons, imagens, sentimentos e idéias através do tempo
e do espaço.
A quantidade e a
qualidade das idéias colocadas em um texto podem ser aceitas por uma
sociedade, ou por ela
negadas, quando entram em choque com conceitos ou normas culturalmente admitidas.
Nas sociedades modernas, em que a classe média tende a considerar o livro como
sinal de status e cultura (erudição), os compradores utilizam-no como
símbolo mesmo, desvirtuando suas funções ao transformá-lo em livro-objeto.
Mas o livro é, antes
de tudo, funcional — seu conteúdo é que lhe confere valor (como os livros das
ciências, de filosofia, religião, artes, história e geografia, que representam
cerca de 75% dos títulos publicados
anualmente em todo o mundo).
O mundo lê mais
No século XX, o consumo e a produção de livros aumentaram progressivamente. Lançado logo após a Segunda Guerra Mundial (1939/45), quando uma das características principais da edição de um livro eram as capas entreteladas ou cartonadas, o livro de bolso constituiu um grande êxito comercial. As obras — sobretudo best-sellers publicados algum tempo antes em edições de
luxo — passaram a ser
impressas em rotativas, como as revistas, e distribuídas às bancas de jornal. Como
as tiragens elevadas permitiam preços muito baixos, essas edições de bolso
popularizaram-se e ganharam importância em todo o mundo.
Até 1950, existiam
somente livros de bolso destinados a pessoas de baixo poder aquisitivo; a partir
de 1955, desenvolveu-se a categoria do livro de bolso “de luxo”. As
características principais destes últimos eram a abundância de coleções — em
1964 havia mais de duzentas nos Estados Unidos — e a variedade de títulos,
endereçados a um público intelectualmente mais refinado. A essa diversificação
das categorias adiciona-se a dos pontos-de-venda, que passaram a abranger, além
das bancas de jornal, farmácias, lojas, livrarias, etc. Assim, nos Estados
Unidos, o número de títulos publicados em edições de bolso chegou a 35 mil em
1969, representando quase 35% do total dos títulos editados.
Fonte: "Obra prima de Cada Autor", Editora Martin Claret.
Boa Leitura
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