JT
Leroy é dono de uma habilidade e imaginação fora do comum. Sarah é um romance
que retrata o quadro da prostituição atual de maneira real, mas consegue
transformar a vulgaridade da prostituição em um mundo de beleza lírica e
absurda.
Em
uma época onde os meninos se vestiam de mulheres para se prostituir nas paradas
dos caminhões, conhecemos nosso personagem principal.
Um
garoto lindo, com seus cachos loiros que fazia inveja a muitos, filho de uma
das prostitutas mais respeitadas das redondezas.
Sarah,
sua mãe, o tratava de forma negligenciada. Mas sempre deixou claro que o amava,
a sua maneira, mas o amava.
Ele
sentia orgulho dela. Quando voltava para casa, e o abraçava.
E
também quando batia em seu frágil corpo, era uma forma meio absurda que fazia
sentir cada vez mais ligado a ela.
Mas
tudo começou a mudar, quando seu corpo se transformou na adolescência, seu
rosto angelical deixava todos apaixonados.
Todos
os clientes de sua mãe, no meio da noite pulavam para sua cama e abusavam daquele
garoto.
Não
que ele se importasse nada disso. Ele adorava roubar os clientes de sua mãe. E
decidiu que iria se prostituir, e ser tão famoso quando Sarah.
Foi
então atrás de Glad, um dos cafetões mais respeitados da região.
Glad
aceitou que ele fizesse parte de seu mundo, mas seria iniciado vagarosamente.
Primeiro
teriam seus treinos, até se tornar uma prostituta de verdade.
Mas
ele queria mais. Era ambicioso e ansiava por dar prazer àqueles caminhoneiros.
Ele
queria o prêmio que Glad dava aos melhores, ele queria ser o melhor, queria ser
melhor que sua mãe.
Buscou
então ajuda a uma entidade mística da cidade. Fez um pacto e pediu fama.
Foi
quando Leloup, um cafetão totalmente diferente de Glad, apareceu em sua vida.
Ele
disse que seu nome era Sarah e que era sim uma prostituta. Sentiu tanta
confiança em Leloup que foi junto para sua casa.
Seu
terror então se iniciou.
Sarah
foi abusada, drogado, mutilado.
Em
todos os sentidos.
Sonhava
com o dia em que sua mãe, a verdadeira Sarah, e Glad, viriam lhe buscar.
Mas
ele não suportava mais a vida que levava.
Ele
será resgatado?
Até
quando aguentará todas as maldades de Leloup?
Um
personagem tão improvável quanto engraçado, tão triste e trágico quanto
patético, afunda então num reino delirante e perversamente idílico.
Um
livro memorável e terrível, tão acolhedor quanto sofrido, tão belo e poético
quanto apavorante, e sem dúvida surpreendentemente genial.
Casa
de Livro Recomenda.
Levanto
a mão mais para cima, o osso embrulhado em minha palma, e observo a luz dançar
sobre as pontas de meus dedos.
Titulo:
Sarah
Titulo
Original: Sarah
Autor:
JT Leroy
Ano:
200
Páginas:
155
Editora:
Geração Editorial.
Boa
Leitura.
Casa
de Livro.
Karina
Belo.
- Eu sei, já senti os movimentos dentro de
mim algumas vezes – sussurro lembrando às vezes em que os namorados de Sarah se
aproximavam de mim enquanto ela estava fora trabalhando. Depois de tropeçar em
latas e garrafas vazias no quarto escuro, eles levantavam as cobertas e
entravam em mim, me possuindo com estocadas silenciosas e invasivas.
Ouço-os gritarem por mim e me chamarem de
todos os palavrões possíveis e imagináveis. As plantas carnívoras e urticárias
machucam minhas pernas e tornozelos e os mosquitos me sugam como se eu fosse um
refrigerante. Mas fico onde estou bem atrás de folhas imensas de repolho-gambá.
Espio para ver a turba enfurecida com as tochas na mão.
Começo a cheirar cola e a beber uísque
barato com a tenacidade de um rato encurralado. Para financiar meus novos
hábitos faço todos os programas que posso e roubo o maior número possível de
carteiras.
Minha recuperação demora mais de um mês.
Fico no trailer de Glad e como as sopas especialmente preparadas por Bolly. Meu
cabelo cresce a ponto de roçar minhas orelhas pela primeira vez em quase dois
anos.
Pie e Sundae trazem livros e me distraem
com as histórias de seus últimos programas.
Sempre que pergunto a elas sobre Sarah,
mudam de assunto na hora.
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