24 de out. de 2021

Olhos d’Água de Conceição Evaristo é premiada na França

Tradução da escritora brasileira Conceição Evaristo é premiada na França.  

A tradução francesa do livro “Olhos d’Água”, da escritora Conceição Evaristo, publicado pela Editions des Femmes, foi homenageada com o Prêmio de Obra Poética da Academia Claudine de Tencin. A tradutora Izabella Borges fala sobre o desafio do projeto.


O livro “Olhos d’Água”, da escritora Conceição Evaristo, traduzido e publicada pela Editions des Femmes na França, ganhou homenagem com o Prêmio de Obra Poética da Academia Claudine de Tencin. 

A  tradução foi de Izabella Borges que falou ao portal Uol sobre o projeto:

“A escrita da Conceição Evaristo trabalha com diferentes registros de língua. Não foi fácil, não somente pelo vocabulário, mas também por essa troca de registros que ela pratica, muito rapidamente, principalmente em contos, que são condensados e com situações rápidas, que entram imediatamente em conflito com a leitura”, resume Izabella."

Izabella disse que essa tradução foi um grande desafio, devido a rapidez com a qual Conceição Evaristo constrói o cenário e os personagens que irá abordar.

“eu tive que passar isso para o francês de maneira rápida, sem perder o sentido e, ao mesmo tempo, guardando a carga poética da obra dela. A Conceição trabalha textos fortes, muitos deles violentos, sem nunca ser piegas. Não há um sentimentalismo exacerbado." Disse Izabella.

A tradutora Izabella disse que toda obra da Conceição merece muita atenção. É essencial que exista respeito no conteúdo da obra, migrar para o francês o que ela escreve sem perder a realidade, o sentimento e a poesia, disse a tradutora. Izabella, também estará assinando a versão francesa de “A Mulher que Matou os Peixes”, de Clarice Lispector, que será lançada em dezembro.  veja a matéria completa no >> uol <<

Quem é Conceição Evaristo?

Maria da Conceição Evaristo de Brito (Belo Horizonte, 29 de novembro de 1946) é uma linguista e escritora brasileira. Foi também pesquisadora-docente universitária.

É uma das mais influentes literatas do movimento pós-modernista no Brasil, escrevendo nos gêneros da poesia, romance, conto e ensaio. Como pesquisadora-docente, seus trabalhos focavam na literatura comparada.

Biografia

Conceição nasceu em 29 de novembro de 1946. Sua mãe, Joana Josefina Evaristo, a teve na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. Segundo relato da própria Conceição, trata como pai a Aníbal Vitorino, que se tornou seu padrasto ainda na infância. Viveu seus primeiros anos na favela do Pindura Saia, uma comunidade extinta na década de 1970, localizada da zona sul de Belo Horizonte. Sua família era muito pobre e numerosa, tendo nove irmãos, sendo a segunda mais velha.

Carreira acadêmica e profissional

Sua mãe a incentivou a estudar o primário e o ginásio em outra região da cidade, que tinha escolas mais prestigiadas, pois considerava que as escolas da região da favela eram menos favorecidas e limitariam o aprendizado dela. Mais tarde, saiu da favela para poder conciliar os estudos do curso normal enquanto trabalhava como empregada doméstica. Concluiu o curso normal em 1971, já aos 25 anos.

Mudou-se então para a cidade do Rio de Janeiro, em 1973, onde passou num concurso público para o magistério, permanecendo ligada aos quadros do município até o ano de 2006; neste ínterim, nas décadas de 1970 e 1980, também foi professora da rede municipal de Niterói.

Prestou vestibular em 1987 para o curso de letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conseguindo bolsa de pesquisas durante o período. Formou-se no ano de 1990. No seio da universidade, ainda na década de 1980, entrou em contato com o grupo Quilombhoje, que a incentivou a iniciar sua escrita. Estreou na literatura em 1990 com obras publicadas na série Cadernos Negros, publicada pela organização.

Entre 1992 e 1996 cursou mestrado em letras-literatura brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

A partir de 1999 licenciou-se da prefeitura do Rio de Janeiro e passou a lecionar na Universidade Federal Fluminense (UFF), mantendo este vínculo até o ano de 2011.

Em 2008 ingressou no doutorado em letras-literatura comparada da Universidade Federal Fluminense, concluindo os estudos em 2011.

Após seu doutoramento, serviu como professora em diversas instituições, tais como o Middlebury College, a PUC-Rio, a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Carreira como escritora

Suas obras, em especial o romance Ponciá Vicêncio, de 2003, abordam temas como a discriminação racial, de gênero e de classe. Seu primeiro romance, Ponciá Vicêncio foi foco de pesquisa acadêmica pela primeira vez, no Brasil, em 2007. A obra foi traduzida para o inglês e publicada nos Estados Unidos em 2007.

Em 2017, Conceição Evaristo foi tema da Ocupação do Itaú Cultural de São Paulo. Já em 2019, Conceição Evaristo foi a grande homenageada da Bienal do Livro de Contagem.

No dia 18 de junho de 2018, Conceição Evaristo oficializou sua candidatura à Academia Brasileira de Letras, entregando a carta de auto-apresentação para concorrer à cadeira de número 7, originalmente ocupada por Castro Alves. Segundo o Portal da Literatura Afro-Brasileira, a autora escreveu na carta: “Assinalo o meu desejo e minha disposição de diálogo e espero por essa oportunidade”. A eleição ocorreu em 30 de agosto, Conceição recebeu um voto, acabou eleito o cineasta Cacá Diegues. 

Obras

Romance

Ponciá Vicêncio (2003)

Becos da Memória (2006)

Poema

Poemas da recordação e outros movimentos (2017)

Contos

Insubmissas lágrimas de mulheres (2011; 2ª edição pela Editora Malê, 2016 )

Olhos d`água (Editora Pallas, 2014) .

Histórias de leves enganos e parecenças (Editora Malê, 2016)

Participações em antologias

Cadernos Negros (Quilombhoje, 1990)

Contos Afros (Quilombhoje)

Contos do mar sem fim (Editora Pallas)

Questão de Pele (Língua Geral)

Schwarze prosa (Alemanha, 1993)

Moving beyond boundaries: international dimension of black women’s writing (1995)

Women righting – Afro-brazilian Women’s Short Fiction (Inglaterra, 2005)

Finally Us: contemporary black brazilian women writers (1995)

Callaloo, vols. 18 e 30 (1995, 2008)

Fourteen female voices from Brazil (EUA, 2002), Estados Unidos

Chimurenga People (África do Sul, 2007)

Brasil-África

Je suis Rio, éditions Anacaona, juin 2016.

Obras publicadas no exterior

Ponciá Vicencio. Trad. Paloma Martinez-Cruz, Austin: Host Publications, 2007. ISBN 0-978-0-924047-34-3

L'histoire de Poncia, traduzido por Paula Anacaona, collection Terra, éditions Anacaona. 2015. ISBN 978-2-918799-75-7

Banzo, mémoires de la favela, traduzido por Paula Anacaona, collection Terra, éditions Anacaona. 2016. ISBN 978-2-918799-80-1


Boa Leitura

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