Cesar Bravo é sem
dúvidas um dos parceiros mais queridos do Blog Casa de Livro.
Suas obras, resenhadas
por nós, tem um “quê” de mistério somado ao terror perfeito do
autor.
A obra “Ouça o Que
eu Digo”, apenas uma palavra consegue descrevê-la: Magnífico.
Um livro que nos leva
para dentro da história.
Personagens tão bem
elaborados que nos sentimos ali, presentes. Vivendo cada
acontecimento ao lado da Prefeita Mirian, Vereador Orlando Torque,
Delegado Zétia e muitos outros que estarão gravados em minha mente
para sempre.
Nova Enoque é uma
cidade pequena. Seus habitantes, todos se conhecem. Sabe aquela
cidade que um suspiro mais alto já é motivo de falação? Essa é
Nova Enoque.
Mas seus habitantes não
são todos interioranos bonzinhos não. A maldade paira sobre aquelas
pessoas.
Corrupção, Estupros,
Drogas, Bandidagem total, fazem parte do cenário.
Claro que as coisas
acontecem por de baixo do pano, ninguém seria burro de enfrentar a
polícia a troco de nada.
Mas as coisas pioraram.
Parece que o demônio está a solta, incentivando aquelas pessoas a
cometerem as mais terríveis desgraças contra seus companheiros.
O mal começou a
trabalhar através de Roger Minotto.
Roger sempre foi um
garoto bom. Seu pai era um pilantra da maior espécie. Mas Roger era
um covarde a seus olhos.
O garoto estava
envolvido com Milena Sultão, realmente gostava daquela menina. Ela
não era tudo o que ele imaginava, pode ser que estava apenas
interessada em sua fortuna, mas para Roger não fazia diferença.
Ele não seria capaz de
matar uma mosca. Mas em uma noite, em que Milena não quis se
entregar, foi possuído por algo tão maléfico, que cometeu as
maiores atrocidades contra ela.
A partir desse momento
a cidade virou de cabeça para baixo.
Delegado Zétia já não
entendia mais o que estava acontecendo com aquela cidade.
O cheiro de vingança e
morte rondava aquelas pessoas. Todos queriam sangue, todos queriam
terror.
Pauline sempre foi uma
pobre coitada, que não tinha voz para nada.
Era humilhada por
Bosco, seu marido, a todo instante. Tinha medo do que ele podia
fazer. Aguentava calada todas as surras, temia por sua vida, mas não
suportava mais viver daquela forma.
Foi quando em um ataque
de insanidade, o rádio conversou com ela. Uma voz que lhe inflamava
tamanha raiva ao expor os segredos sujos do marido, tanta humilhação,
que levou Pauline a decidir dar um fim em tudo aquilo.
Sequestros.
Mortes.
Torturas.
Crianças queimadas
vivas.
Uma cidade até então
pacata, da noite para o dia, virou cenário dos crimes mais bárbaros.
Quem poderia estar por
trás de tudo aquilo?
Quem estava sussurrando
no ouvido de pessoas de bem, para que pudessem fazer tamanhos
absurdos?
Madame Safira é a
única que tinha a solução.
A vidente sabia o que
estava acontecendo.
Uma vingança
sanguínarea comandada pelo Coronel Constâncio Trindade.
As famílias mais
antigas da cidade, as que mais estavam sofrendo com os horrores de
Nova Enoque, presenciaram a morte de Coronel Constâncio.
Um homem que mutilava,
estuprava e escravizava seus funcionários.
Ele jurou vingança, a
todos aqueles que ajudaram para que o seu fim chegasse.
O solo de Nova Enoque
estava amaldiçoado.
Ele voltaria, e usaria
as pessoas para acabar com tudo o que ali existia.
Nada mais poderia
detê-lo.
Ninguém ousaria ficar
em seu caminho.
A cada dia a cidade
estava sofrendo mais.
O Delegado já não
sabia mais o que fazer.
Padre Estevão também
foi vítima da maldade daquela Terra.
Zétia precisará
acreditar em Madame Safira.
Só ela poderá
ajudá-lo a acabar com o demônio que ronda Nova Enoque.
Coitada daquelas
pessoas, daquelas crianças.
O coração do Delegado
está partido, ele não suportar mais tanta desgraça. Tanto sangue.
O ar cheira sangue.
Sangue de pessoas que
ele conheceu, viu nascer. Pessoas que ele aprendeu a respeitar, a
amar.
Não poderia mais
admitir que continue acontecendo.
Apenas os antepassados
da trindade, conseguirá mandar aquele demônio para o inferno
definitivamente.
Após tantas mortes que
aconteceram em seus braços, Zétia se unirá a Safira, e juntos
enfrentarão o mal encarnado.
Será possível que
conseguirão salvar Nova Enoque da desgraça?
Porque tanta raiva em
um só homem?
Será possível
exterminar tamanha maldade?
Uma obra que nos tira o
fôlego.
Escrita com a maestria
que Cesar Bravo provou possuir.
Casa de Livro
Recomenda.
Titulo: Ouça
o Que Eu Digo.
Autor: Cesar
Bravo.
Ano: 2015
Páginas:
348
Amazon
Ebooks.
Boa Leitura.
Casa de Livro.
Karina
Belo.
Quando
as duas olharam na direção daquele fedor estranho, muita gente
fazia o mesmo. No começo ninguém gritou ou saiu correndo. Assistir
um carro queimando no meio de um comício já seria interessante, mas
o carro do safado do Torque? Era uma espécie se prêmio de
consolação para quem perdeu a tarde ouvindo desculpas esfarrapadas.
Encontrou alguém entre as chamas. Alguma coisa que parecia não
se incomodar com aquele calor que derreteria ossos. Estava bem no
meio do caminho, parado, olhando para frente, olhando para ele. O
fogo o circundava, ficando mais claro, quase branco, em volta do
corpo. Usava terno e sapatos escuros. Não fazia sentido que aquela
coisa existisse, mas sim, ele estava ali, saboreando a desgraça.
Quando outra explosão trouxe o teto acima dele para baixo, Zétia
correu com Clélia em seus braços.
O
andarilho deu um passo em direção a ela e abriu os braços, sua
jaqueta velha, cor de terra, balançou. Patrícia ganhou dois metros
de distância e passou diante dos olhos famintos do homem. Ele
agarrou a própria virilha e sorveu o ar com vulgaridade. Meteu a
língua para fora e a moveu como uma serpente. Seus olhos ficaram
vermelhos, olhos de lebre. Patrícia não ficou parada para ver mais
nada. Tomou a esquerda que estava livre, não arriscaria passar perto
dele, nem para chegar à cidade. Patrícia só parou de correr quando
seus pulmões estafaram. Então pensou em Miriam e no que disse o
vagabundo.
Perto
da porta do galpão, Safira caiu de joelhos e agarrou-se a terra.
Esfregou o pó entre suas mãos até que a maioria dos grãos caísse
de volta. Fez isso algumas vezes. Ela chorava um pouco, em parte
consumida por aquele homem que voltou dos mortos. Zétia tocou seus
ombros. Ela olhou para seu semblante preocupado e disse:
—
Está terminado.
Raios
riscaram o céu. O firmamento rugiu e derramou seu perdão.
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